domingo, 1 de maio de 2016

Indústria perde espaço na economia de 22 estados e do DF em três anos, diz CNI

Indústrias
A perda de competitividade provocada por problemas como falta de infraestrutura, burocracia e baixa produtividade está trazendo consequências drásticas para um dos principais setores da economia brasileira. O peso da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) de 22 estados e do Distrito Federal diminuiu de 2010 a 2013. No mesmo período, o peso da indústria no PIB nacional caiu 2,5 pontos percentuais, de 27,4% para 24,9%.

A queda na participação econômica em quase todas as unidades da Federação consta do estudo Perfil da Indústria nos Estados, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ao comparar o valor produzido pela indústria local com a soma de todos os bens e serviços produzidos em cada estado e no DF, o levantamento comprovou a redução da importância do setor.
O maior recuo ocorreu na Bahia, onde a participação da indústria na economia do estado caiu 6,6 pontos percentuais, de 27,1% em 2010 para 20,5% em 2013. Em seguida, vêm Amazonas, com retração de 5,7 pontos (de 42,7% para 37%) e Tocantins, com queda de 4,3 pontos (de 21% para 16,7%).
Responsável pelo maior parque industrial do país, São Paulo está em quarto lugar, com retração de 4,2 pontos percentuais, de 27,1% para 22,9%. A perda de espaço refletiu-se na queda da participação do estado na composição nacional da produção industrial. Em 2010, São Paulo concentrava 32,1% de todos os produtos industrializados fabricados no país. A proporção caiu para 28,6% em 2013.
“Em tese, o fenômeno observado em São Paulo até poderia significar que a indústria transferiu-se para outros estados, mas como a queda ocorre em quase todo o país, o problema é generalizado e decorre da baixa competitividade da indústria brasileira”, diz o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. 
Apenas em quatro estados, a participação da indústria aumentou no período pesquisado: Amapá (de 7,7% para 13,2%), Maranhão (de 16,8% para 19%), Rio de Janeiro (29,8% para 30,5%) e Espírito Santo (38,6% para 40,5%). Fonseca, no entanto, adverte que os resultados do Rio e do Espírito Santo foram influenciados pela indústria de extração de petróleo, que registrava crescimento até 2013. “A Operação Lava Jato e a queda do petróleo no mercado internacional certamente mudaram esse quadro de lá para cá”, explica.
Ações para reverter perdas
O gerente executivo da CNI atribui o desempenho da indústria à baixa competitividade, que impede o setor de exportar mais e de concorrer em pé de igualdade com os produtos importados. Ele sugere quatro eixos de ações para reverter o problema: redução da burocracia, aceleração do programa de concessões de infraestrutura, política agressiva de abertura de mercados externos e reforma tributária que unifique as alíquotas do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e elimine os tributos cumulativos (cobrados repetidamente em cada etapa da produção).
Para Fonseca, as empresas também precisam contribuir, melhorando a qualificação dos funcionários, revisando processos de produção e investindo em pesquisa e inovação para aumentar a produtividade. Os governos estaduais, ressalta, devem investir em obras locais de infraestrutura e melhorar o ensino médio e a segurança, tarefas de competência das unidades da Federação. “Um governador tem mais sucesso em atrair fábricas por meio de ações estruturantes do que por meio da guerra fiscal", disse.
 Tabela Indústrias
Fonte: EBC

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