O setor do comércio ocupou 10,3 milhões de pessoas em 2015, mas
registrou queda de 3,9% no número de postos de trabalho, em comparação
ao ano anterior. O resultado sofreu influência da redução do comércio
varejista (-4,2%). Ainda assim, o varejo foi o segmento que mais
empregou no período, representando 73,5% da força de trabalho. Os dados
estão na Pesquisa Anual do Comércio (PAC), do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), divulgada hoje (24), que avalia os dados
dos segmentos empresariais do comércio brasileiro nas categorias
comércio de veículos automotores , peças e motocicletas, comércio por
atacado e comércio varejista.
"No segmento varejista, as empresas
são de menor porte, então, elas acabam tendo que empregar a maior parte
do pessoal ocupado, porque existem muitas: 78% das empresas da PAC são
do segmento varejista. Como há uma quantidade maior de empresas nesse
segmento de comércio, ele acaba empregando mais", disse a gerente da pesquisa, Danielle Chaves de Oliveira.
A
PAC 2015 mostra também que houve queda na massa salarial real (-1,7%).
Nesse caso, o declínio do comércio por atacado (-2,4%) contribuiu para o
desempenho. O setor fechou o ano com o pagamento de R$ 206,3 bilhões em
salários, retiradas e outras remunerações. Apesar de registrar o menor
salário médio (1,7 salário mínimo), o varejo foi responsável por 63,3%
dos salários, retiradas e outras remunerações. No atacado, o salário
médio ficou em 2,9 e no segmento veículos automotores, peças e
motocicletas, em 2,4 salários mínimos.
No universo de 1,6 milhão
de empresas e 1,7 milhão de unidades locais, o comércio alcançou em 2015
a receita operacional líquida de R$ 3,1 trilhões, sendo que o atacado
registrou a maior parte (45,4%), com R$1,4 trilhão. No comércio
varejista, os hiper e supermercados atingiram a maior receita líquida de
revenda (R$ 340,2 bilhões ou 24,7% do segmento). Também foram
responsáveis pelos maiores salários, retiradas e outras remunerações (R$
22,7 bilhões ou 17,3%). Se destacaram ainda no número de pessoas
ocupadas, liderando com a média de 99 por empresa.
A gerente da
pesquisa disse que em 2015 a receita líquida do comércio teve queda real
de 0,5%, mas isso significa que se manteve estável na comparação com o
ano anterior. Entre as maiores quedas de receita estão as áreas de
veículos automotores (13,6%), eletrodomésticos (10,8%) e material de
construção (9,6%), todas em relação ao ano anterior.
"São os
setores que sentem mais a crise, os mais atingidos pela diminuição da
renda, do emprego. Pelo pessoal ocupado e a variação em 2015 em relação a
2014, a gente pode perceber o mesmo movimento. O setor de veículos
automotores, com queda de 10% em relação a 2014, material de construção,
com recuo de 9,4%. Esses setores, de bens duráveis, são os que percebem
mais o impacto da crise, porque são os primeiros em que as pessoas
começam a sacrificar o consumo", explicou.
Segundo Danielle, não é
possível saber ainda se o impacto da crise econômica sobre o comércio
se esgotou em 2015 e se a partir daquele ano vai ocorrer recuperação. De
acordo com a gerente, somente quando forem anunciados os dados de 2016
haverá condição de fazer esse tipo de análise. Para ela, é interessante
lembrar que em 2014, em relação a 2013, houve aumento real de 6,2% no
total do comércio em geral e não tinha reflexo da crise. Por isso, ela
avaliou que a queda de 0,5% em 2015 deve ser considerada estabilidade.
Regiões
Naquele
ano, o Sudeste se destacou nas principais variáveis. A receita bruta de
revenda ficou em 51,5% do total, a massa salarial em 56,3%, as pessoas
ocupadas atingiram 51,6% e unidades locais chegaram a 50,4%. O Sudeste
também ficou acima da média do país (2,0) em salário médio mensal e
pagou o maior valor: 2,1 salários mínimos. Mas a região teve redução em
sua participação na receita global. "O Sudeste tinha participação na
receita de 63,3% e agora tem 51,1% ", disse.
Conforme a
pesquisadora, o comportamento no Nordeste é diferente das outras
regiões, que têm no atacado as receitas maiores do do que no varejo. "No
Nordeste isso se inverte, a receita bruta de revenda no varejo é de
49,7% e é maior do que no atacado".
Fonte: Agência Brasil
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