A estiagem que há mais de seis anos atinge a Região Nordeste, com
forte impacto nas usinas da Bacia do São Francisco e afetando a geração
de energia hidrelétrica, levou a fonte eólica a responder por mais de
50% da energia fornecida à região. No último dia 16 de julho, a energia
eólica respondeu por 12,6% de toda a energia demandada ao Sistema
Interligado Nacional (SIN). No Nordeste, um novo recorde: 64,2% da
energia consumida na região, no último dia 30 de julho, foram
provenientes dos ventos.
A
afirmação foi feita hoje (30) pelo diretor-geral do Operador Nacional
do Sistema (ONS), Luiz Eduardo Barata, ao participar da conferência e
exposição Brazil Windpower 2017, que discute até amanhã (31),
no Rio de Janeiro, os rumos e avanços da energia eólica. Energia eólica é
aquela resultante da força dos ventos.
O diretor lembrou que até
2008 e 2009 todo o suprimento energético do Nordeste decorria de fontes
hidrelétricas, provenientes das usinas da Bacia do São Francisco.
“Com
a redução das chuvas e das afluências, tivemos que buscar nova fonte e
foi aí que apareceu a fonte eólica. O resultado tem sido excepcional,
até porque a região é acometida por ventos excepcionais e razoavelmente
constantes, o que proporciona uma capacidade de geração que se situa
entre as melhores do mundo”, explicou.
Para Luiz Eduardo, é
exatamente em decorrência da forte estiagem na Bacia do São Francisco
que hoje a energia eólica tem “importância capital para a Região
Nordeste, situação que deverá continuar por muito tempo, uma vez que não
vislumbramos, a curto prazo, uma mudança das característica atuais”.
Ele
disse, ainda, que é possível imaginar que, no futuro, com a chegada de
outras fontes de energia, como a térmica, por exemplo, o sistema poderá
oferecer alternativas e responder mais rapidamente ao principal problema
decorrente da forte dependência da geração eólica que, por depender dos
ventos, e, portanto, ser intermitente, precisa de outras fontes que
compensem as variações dos ventos.
“A geração termoelétrica de
rápida resposta é uma fonte boa, assim como a hidroelétrica, só que a
estiagem está travando a fonte hídrica em razão da falta de chuva na
região. Com a recuperação da cascata do São Francisco, que só será
possível no médio e no longo prazos, poderemos usá-la como mitigador da
intermitência da fonte eólica”, afirmou.
Fornecimento de energia garantido para o Nordeste
Luiz
Eduardo, no entanto, garantiu que o fornecimento da energia para o
Nordeste está assegurado. Embora hoje a solução de maior garantia para a
região passe pela energia eólica, há ainda, segundo disse, uma
contribuição significativa da energia hidroelétrica importada do Norte e
do Sudeste.
“Hoje podemos dizer que o abastecimento do Nordeste,
na maior parte do tempo, está sendo garantido pelos mais de 50% da
energia eólica produzida na região. Depois, entra aí nesta equação a
fonte térmica, além da energia hídrica que vem do Norte e Sudeste. Mas é
evidente que embora assegurado, a complexidade da operação para
viabilizar o abastecimento aumentou bastante”, acentuou.
Crescimento
O
diretor do ONS disse que a energia proveniente de fonte eólica já
responde em torno de 6% da capacidade da matriz energética brasileira,
percentual que tende a se expandir até chegar em torno de 10% a 12% em
2021. “Este percentual deverá expandir dos atuais 10 mil megawatss para
algo em torno de 14 a 15 mil megawats em 2021, o que é um crescimento
significativo”.
Fonte: EBC
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