O Brasil precisa investir R$ 292,54 bilhões para melhorar as
condições das estradas e consequentemente reduzir custos na hora de
escoar e transportar produtos. A estimativa foi apresentada hoje (24)
pela concessionária CCR RodoNorte, no 5º Fórum de Agricultura da América
do Sul, promovido pelo Agronegócio Gazeta do Povo, em Curitiba.
Segundo
a concessionária, seriam necessários R$ 57,08 bilhões para recuperação
das rodovias, R$ 137,13 bilhões para duplicações, e R$ 98,33 bilhões
para retomada da expansão da malha brasileira. O valor total equivale a
13,6 vezes o orçamento do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação
Civil, de R$ 21,5 bilhões este ano, de acordo com dados copilados pelo
sistema de Transparência Orçamentária da Diretoria de Análise de
Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A CCR
Rodonorte é responsável, no Paraná, por 487 quilômetros (km) de estradas
que formam o corredor de escoamento de alguns dos principais polos de
produção agrícola e industrial do estado. O sistema abrange a BR-277 e a
BR-376, que ligam Curitiba a Ponta Grossa e às principais cidades no
norte do estado; e a PR-151, entre Ponta Grossa e Jaguariaíva.
"Temos
esses gargalos todos estudados. O Ministério dos Transportes têm
soluções definidas. O que falta é dinheiro", disse o diretor presidente
CCR Rodonorte, José Alberto Moita. "Precisamos de espaço para investir
em infraestrutura. Com certeza, o futuro desse país depende da agregação
de valor nesses modais", acrescentou
As rodovias são o principal
meio de transporte e escoamento de produtos brasileiros. Somente no
escoamento da produção brasileira de grãos, em média, são responsáveis
por 61% do transporte, o restante fica a cargo de ferrovias, com 21%, e
hidrovias, com 18%. Consideradas separadamente as principais rotas de
escoamento, na Região Norte as rodovias respondem por 66% do transporte,
no Sudeste, por 55%, e no Sul, por 72%.
Mesmo assim, o país
ocupa a 111ª posição no ranking de qualidade das rodovias, divulgado em
2016 pelo Fórum Econômico Mundial. Segundo pesquisa da Confederação
Nacional dos Transportes (CNT), de 2016, a maior parte das estradas é
classificada como regular (34,6%), ruim (17,3%) ou péssima (6,3%).
Apenas 30,2% são classificadas como boas e 11,6% como ótimas.
A
maior parte dos investimentos em rodovias vêm do setor público. Em 2016,
o setor público investiu R$ 8,609 bilhões, em 53.943 km, o que
corresponde a 56,1% do total da malha rodoviária. Já o setor privado
investiu R$ 6,745 bilhões em 19.031 km. Levando em conta o valor e a
quilometragem construída, o setor privado pagou pouco mais do dobro do
setor público por cada quilômetro.
Em paralelo à melhoria das
rodovias, é preciso também melhorar as ferrovias, segundo o diretor
Regulatório e Institucional da Rumo (empresa que administra 12 mil km de
malha ferroviária no RS, SC, PR, SP, MT e MS), Guilherme Penin. Para
inverter a importância das ferrovias em relação às rodovias, para que as
ferrovias sejam responsáveis por 70% dos transportes e as rodovias 30%,
seria necessário passar do atual crescimento de 1,5 milhão de toneladas
transportadas por ano para 7,5 milhões de toneladas.
Entre
outros benefícios, o transporte ferroviário permitiria um incremento de
R$ 1 bilhão, de acordo com os cálculos da Rumo, relativos a redução da
emissão de gases poluentes. Além disso, seria possível uma economia de
R$ 11,4 bilhões gastos em outros modos de transporte de carga.
Fonte: Agência Brasil
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