O Conselho Federal de Administração (CFA) realizou hoje (23) em
Brasília uma manifestação contra o fim dos boletos sem registros.
Segundo o CFA, a ação visa chamar a atenção da população para o impacto
das cobranças indevidas de boletos por parte dos bancos.
O ato
estava previsto para acontecer na Esplanada dos Ministérios, mas foi
proibido pela Polícia Militar (PM), que impediu que um boneco de uma
raposa fosse inflado – representando os banqueiros, que estariam
enriquecendo às custas da população, com a cobrança de mais taxas. A
manifestação se concentrou na frente da sede do CFA, no Setor de
Autarquias Sul.
De acordo com cronograma divulgado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o boleto sem registro deixará de existir até o final do ano.
No novo formato, os bancos não cobrarão apenas pela emissão do boleto,
mas também outras taxas, como a alteração ou o cancelamento dos boletos
gerados.
De acordo com o CFA, a medida causará grande impacto econômico. “Se
já não bastasse a alta carga tributária, os empresários, principalmente
os do segmento das micro e pequenas empresas, terão que se adaptar e
migrar para uma carteira de cobrança muito mais onerosa”, disse o
presidente do CFA, Wagner Siqueira.
Segundo a Febraban, a Nova
Plataforma de Cobrança (NPC) – sistema para os boletos de pagamento, em
implantação – foi desenvolvida em parceria com a rede bancária e visa a
comodidade e segurança para os consumidores.
Em nota, a Febraban
esclareceu o motivo da medida. “O sistema anterior de cobrança
funcionava há mais de 20 anos e precisava ser atualizado com novos
processos e tecnologias para combater as fraudes. É uma determinação do
Banco Central para todos os boletos, registrados ou não, a exigência de
que contenham dados como CPF [Cadastro de Pessoa Física] ou CNPJ
[Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica] do emissor, data de vencimento,
valor, além do nome e número do CPF ou CNPJ do pagador. Isso impede a
prática anterior de emissão de boletos sem valor definido, ou sem
informações sobre o pagador”.
Ainda de acordo com a Febraban, os
boletos não registrados não estão proibidos, mas sim restritos aos
bancos que aceitem seu pagamento, mediante negociação com o emissor. A
política de cobrança dos serviços ficará a critério de cada instituição
financeira.
Segundo pesquisas feitas pela revista E-Commerce Brasil,
em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae), 75% dos consumidores preferem efetuar pagamentos via
boletos. A Febraban calcula que cerca de 3,6 bilhões de boletos sejam
emitidos anualmente no Brasil.
A Associação Brasileira de
Comércio Eletrônico (ABComm) estima que os custos com boletos podem
chegar a R$ 5, mas podem variar até R$20, dependendo do banco. A
entidade alega que esse novo modelo trará prejuízos para o setor de
compras via internet, tendo em vista que metade dos títulos gerados para
pagamentos não são efetuados, consequentemente não geram receita para
os vendedores.
Fonte: Agência Brasil
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