A prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos da chamada linha branca (geladeiras, lavadoras de roupa, tanquinhos e fogões) deve manter os preços desses produtos em patamares baixos, mas não há espaço para quedas mais expressivas. Isso porque trata-se de um alongamento e não de um aumento na magnitude da queda do IPI, conforme analistas ouvidos pela Agência Estado.
Alguns especialistas consultados, no entanto, ressaltam que, caso não houvesse a prorrogação, os preços poderiam voltar a subir em abril, assim que a medida anunciada em dezembro chegasse ao fim, em 31 de março. Com o anúncio do governo, feito na segunda-feira, a isenção do IPI para eletrodomésticos foi prorrogada até o fim de junho. Além disso, a medida passa a valer para móveis, laminados e luminárias. Para os analistas, a desoneração é um evidente sinal de preocupação do governo com a indústria, mas eles ressaltam que o efeito será pontual.
O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Rafael Costa Lima, confirmou hoje que a redução do IPI para linha branca está refletida no comportamento dos preços deste tipo de eletrodoméstico nos últimos meses, com exceção de janeiro, quando os preços avançaram. "Em dezembro, os preços caíram, mas, por volta da metade de janeiro, voltaram a subir", disse. Segundo ele, naquele período, os preços teriam reagido a uma queda no volume dos estoques dos produtos, que se tornaram escassos em razão da forte demanda após a redução do imposto. "Em fevereiro, os estoques foram repostos e os preços voltaram a cair", explicou.
No IPC de dezembro, geladeira, máquina de lavar roupas e fogão apareceram com deflação de 1,65%, 2,34% e 0,81%, respectivamente. No IPC de janeiro, os três itens tiveram variação positiva de 3,81%, 2,78% e 1,52%, respectivamente. Em fevereiro, geladeira arrefeceu a alta para 0,04%; máquina de lavar roupa teve recuo de 0,43%; e fogão, de 1,92%. Na terceira quadrissemana de março, as quedas foram de 3,49%, 3,87% e 1,64%, respectivamente.
Com a prorrogação do benefício, a expectativa é de manutenção nos preços de linha branca em patamares baixos, colaborando para a inflação bem comportada do grupo Habitação dentro do IPC. "Se não houvesse a prorrogação, esses preços já voltariam a subir em abril", disse Costa Lima, que, por outro lado, também não vê espaço para quedas mais acentuadas.
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