De dezembro de 2010 a janeiro deste ano, taxa ao consumidor teve redução de 9,45 pontos porcentuais; taxa básica caiu 0,25 ponto
Ao contrário do que ocorreu no passado recente, nos últimos tempos bancos, financeiras e lojas repassaram mais do que proporcionalmente a redução da taxa básica de juros, a Selic, para o consumidor.
Entre dezembro de 2010 e janeiro deste ano, a Selic caiu 0,25 ponto porcentual, de 10,75% para 10,5% ao ano. Em igual período, a taxa média de juros cobrada do consumidor recuou 9,45 pontos porcentuais, de 119,97% para 110,52% ao ano ou 6,5% ao mês em janeiro, aponta pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
A maior retração nesse período ocorreu nas taxas dos empréstimos pessoais de financeiras. Em dezembro de 2010, o consumidor desembolsava 9,64% ao mês ou 201,74% ao ano pelo empréstimo. Em janeiro deste ano, o custo dessa modalidade de financiamento tinha caído para 8,29% ao mês ou 160,05% ao ano. A redução da taxa de juros nesse período foi de mais de 40 pontos porcentuais na taxa ao ano.
"A forte concorrência entre as instituições financeiras, o bom momento da economia brasileira e o menor risco de calote fizeram com que os bancos mudassem de atitude", afirma o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira.
O executivo acredita que essa tendência de cortar juros ao consumidor numa magnitude superior à redução do custo de captação do dinheiro, a Selic, deve continuar, especialmente depois do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2011, que cresceu 2,7% no ano e, no quarto trimestre, foi de apenas 0,3% ante o trimestre anterior, na série que desconta as variações sazonais.
Apesar de bancos, lojas e financeiras terem reduzido os juros além do corte no custo de captação de recursos para bancar os financiamentos, a taxa cobrada dos consumidores ainda é muito elevada e está em nível bem superior ao da taxa básica de juros.
A grande distância entre a taxa básica de juros e os juros ao consumidor é explicada por custos e margens de ganho que compõem a taxa final cobrada do consumidor. "O custo de captação, a taxa Selic, é apenas uma parte da taxa de juros ao consumidor", observa Ribeiro de Oliveira.
Ele lembra que entre a taxa básica e a taxa final existe a cunha fiscal, que são os impostos; as despesas administrativas de bancos, lojas e financeiras; o risco de inadimplência e, finalmente, a margem de ganho do sistema financeiro. Isso explica a diferença entre o juro básico e o final. "Hoje o que mais pesa é a cunha fiscal, o risco e a margem dos bancos", diz Ribeiro de Oliveira.
Recorde de baixa. A pesquisa da Anefac mostra que a taxa média de juros cobrada do consumidor recuou em janeiro para o menor nível da série histórica da pesquisa da Anefac, iniciada em 1995. Entre os encargos financeiros cobrados pelas lojas, administradoras de cartão de crédito, cheque especial, CDC e empréstimo pessoal de bancos e empréstimo pessoal de financeiras, a taxa média de juros em janeiro ficou em 6,4% ao mês ou 110,52% ao ano. Foi a segunda redução mensal consecutiva. Em novembro, a taxa média estava em 6,67% ao mês e caiu para 6,58% em dezembro.
O corte de juros ao consumidor em janeiro foi quase generalizado. Das seis linhas de crédito pesquisadas, cinco diminuíram na comparação com dezembro e somente uma não alterou juros: o cartão de crédito, que tem a taxa mais alta, de 10,69% ao mês ou 238,30% ao ano. Já o maior corte nos juros ocorreu na taxa do empréstimo pessoal de financeiras, de 0,37 ponto porcentual.
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