Especialista esclarece as principais dúvidas sobre o exame.
Quando Lídia, hoje com 1 ano, nasceu, sua mãe, Daniele Aragaki, notou que a filha apresentava dificuldades para mamar. “Eu senti que havia algo errado; ela fazia muita sucção e eu fiquei muito frustrada, pois havia pesquisado muito para amamentar. Na maternidade, havia alguns grupos de amamentação e, com eles, aprendi várias técnicas. Foi positivo, mas fiquei muito tempo achando que o problema era comigo. Eu chorava para dar de mamar e ela não ganhava peso direito. Quando Lídia completou 6 meses, fui a uma pediatra que identificou que ela tinha algum problema na língua. Procurei uma fonoaudióloga e fizemos o teste da linguinha. A indicação foi cirúrgica, mas ficamos com receio. Os exercícios foram suficientes para ela mamar melhor e eu continuo amamentando", conta.
Casos com o de Lídia não são incomuns. Tanto que, desde 2014, hospitais e maternidades públicas e privadas são obrigadas a realizar o chamado teste da linguinha, conforme determinado pela Lei 13.002/2014. Para esclarecer as principais dúvidas sobre o procedimento CRESCER conversou com a fonoaudióloga Raquel Luzardo, especialista em linguagem e diretora da clínica Fonoterapia (SP).
CRESCER - O que é e para que serve o teste da linguinha?
Raquel Luzardo - O teste da linguinha é um procedimento que serve para detectar se a criança tem a língua presa ou não. Ou seja, se o frênulo, a membrana que conecta a língua ao assoalho da boca, tem algum problema.
C - Quando deve ser feito o teste e como ele é realizado?
RL - O teste deve ser feito nas primeiras horas de vida do bebê, ainda na maternidade. Isso é muito importante porque evita o desmame precoce. Caso não seja possível, o procedimento pode ser feito em consultório. O teste é basicamente observação e manipulação com os dedos. Ele deve ser feito por um fonoaudiólogo. Nele, observa-se a criança durante a mamada para ver a funcionalidade do frênulo. Depois, há uma análise anatômica, onde prestamos atenção, por exemplo, na postura da língua durante o choro.
C - O teste é gratuito?
RL - Segue-se o mesmo princípio dos outros testes, como o do pezinho e da orelhinha. Ele é oferecido gratuitamente pelo SUS e pago quando realizado no consultório.
C - Como os pais podem perceber que o filho tem a língua presa? Há relação com a amamentação?
Raquel Luzardo - A língua presa atrapalha na sucção da mamada. A criança mama pouco, não consegue sugar e pegar de maneira adequada no bico do peito, o que, muitas vezes, machuca a mãe e acaba levando ao desmame precoce. Mais tarde, a criança pode ter dificuldades de passar o alimento de um lado para o outro da boca, além de demonstrar problemas com a fala. Alguns fonemas se tornam mais difíceis de executar, como o “l” e o “r”. Em vez de falar morango, ela vai falar “molango”, por exemplo. Tais situações podem deixar a criança mais tímida, retraída e a faz evitar algumas palavras ou sons, que peçam a elevação da língua.
CRESCER - Quando a cirurgia é indicada?
Raquel Luzardo - Há vários níveis de língua presa. A grosso modo, o teste tem uma pontuação que varia de zero a 27, mas depende da faixa etária do paciente. Conforme a idade, a partir da pontuação 9, a cirurgia é indicada. O procedimento é simples. Nestes casos, basta um pique (um corte pequeno no frênulo) para corrigir o problema. O procedimento, que deve ser feito por um dentista, otorrinolaringologista, ou cirurgião plástico, leva cerca de 10 minutos, não precisa de anestesia (uma pomada anestésica basta). Os bebês podem mamar logo depois. Não há limite mínimo ou máximo de idade para realizar a cirurgia. No entanto depois que a criança completa 1 ano, ela pode ser mais complicada, exigindo internação e anestesia.
Fonte: Crescer
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