As mudanças características no corpo das mulheres no período da
menopausa e, principalmente, o aumento da circunferência da cintura
podem provocar a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), um mal
que acarreta danos à saúde como disfunções cardiovasculares e alterações
neurológicas.
A constatação é de uma pesquisa do Departamento de
Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) – Campus São
Paulo, que serviu de base para a tese de doutorado do farmacêutico
Daniel Ninello Polesel.
A síndrome atinge tanto homens quanto
mulheres e tem grande incidência entre os obesos. “O acúmulo de gordura
em especial na região abdominal comprime os órgãos internos e, no
momento em que a pessoa está dormindo, ela relaxa a musculatura
dificultando o ato de respirar”, disse o farmacêutico.
Segundo
ele, existem tratamentos como o uso de máscara, o CPAP (Continuous
Positivo Airway Pressure, que significa pressão positiva contínua das
vias aéreas). “É uma espécie de ventilador que manda o ar para dentro do
organismo”, explicou o pesquisador.
Polesel contou que, entre
julho e dezembro de 2007, a Unifesp acompanhou o comportamento do sono
de 1.056 pessoas de ambos os sexos, verificando que havia mais casos
entre os homens (40%) ante 26,1% das mulheres. Mas o foco do estudo foi
comprovar a evidência científica sobre a prevalência do distúrbio entre
as mulheres no período da pós-menopausa, quando há uma queda nos
hormônios femininos.
Para isso, a pesquisa teve a participação de
407 mulheres voluntárias com idades entre 20 e 80 anos que foram
submetidas a exames de polissonografia. Nesses exames, são colocados
eletrodos na região da cabeça e uma cinta na região do tórax que
permitem acompanhar as variações que ocorrem durante o sono. Do total
avaliado, 268 mulheres estavam na pré-menopausa, 43 na pós-menopausa
recente (até cinco anos da menopausa) e 96 na pós-menopausa tardia (mais
de cinco anos da menopausa).
Em 68,4% dos casos, o tipo mais grave desse distúrbio de sono estava
no grupo da pós-menopausa tardia. Também foi verificada maior incidência
entre as voluntárias com a cintura medindo 87,5 centímetros.
De
acordo com Polesel, o resultado levou a algumas considerações
importantes para a avaliação clínica como o fato de que a circunferência
abdominal é mais relevante do que o Índice de Massa Corpórea (IMC). Há
mais chances de uma pessoa com acúmulo de gordura na cintura vir a
sofrer a síndrome do que outra com a massa corporal bem distribuída,
ainda que esta esteja acima do peso ideal. O pesquisador destaca, no
entanto, que a perda de peso sempre ajuda a minimizar os riscos de
distúrbios na saúde.
Faixas mais suscetíveis a riscos
A
pesquisa indicou que as mulheres mais predispostas a desenvolver a
síndrome estão na faixa entre o início da menopausa e também no período
posterior, quando são mais frequentes os sintomas de insônia, a baixa
eficiência de sono, irregularidade no padrão respiratório, além da
sensação de “ondas” de calores e suores frequentes.
Esses
sintomas são decorrentes da redução da concentração dos hormônios
estrogênio e progesterona, explicou, por meio de nota da Unifesp, a
ginecologista Helena Hachul de Campos, pesquisadora na área de sono da
mulher e orientadora do estudo.
“A partir da queda hormonal, que é
fisiológica, o organismo feminino fica sujeito a consequências
negativas à saúde, como o desenvolvimento de osteoporose, alterações
qualitativas na pele, aumento do risco cardiovascular e da incidência de
distúrbios respiratórios do sono.” De acordo com a médica, a frequência
desses sintomas, em alguns casos, acaba dificultando o diagnóstico do
distúrbio do sono.
Fonte: Agência Brasil
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