Pesquisadores britânicos encontraram uma associação entre o uso de paracetamol
durante a gestação e possíveis problemas comportamentais das crianças
no futuro. O estudo foi divulgado, na última segunda-feira (15), no
jornal científico JAMA Pediatrics.
A pesquisa analisou dados de 7.796 famílias
(pai, mãe e filhos), que responderam a questionários sobre o uso do
paracetamol durante e depois da gravidez. Além disso, as crianças foram
observadas até os 5 anos de idade.
Mais da metade das gestantes
(53%) usou o medicamento ao menos uma vez na 18ª semana de gravidez,
enquanto 42% fez uso na 32ª semana. Na comparação com aquelas que
afirmaram não ter usado o remédio no período gestacional, o uso do
paracetamol na 18ª e na 32ª semana de gestação foi associado a um
aumento de 42% no risco de problemas de conduta e de 31% no risco de
sintomas de de hiperatividade nas crianças.
A explicação para tais resultados poderia estar, segundo o estudo, na interferência do remédio nos sistemas hormonais
do corpo, o que afetaria o desenvolvimento cerebral do feto, como foi
observado em testes com animais. No entanto, os autores admitem no
próprio estudo a necessidade de mais análises para confirmar essa
suposição.
Sem desespero
Na opinião da
ginecologista e obstetra Paola Fasano, do Hospital e Maternidade São
Luiz (SP), a divulgação da pesquisa não é motivo para desespero. “O
paracetamol é usado em larga escala na gravidez,
mesmo porque não há muitos substitutos. O que podemos inferir do estudo
é que qualquer medicamento só deve ser utilizado sob orientação do
obstetra e que o meio médico deve ficar atento. As gestantes não
precisam ficar assustadas, especialmente, porque o estudo tem algumas
limitações, como não ter o tempo de exposição à droga, dosagem, entre
outros”, alerta.
A médica também observa que há riscos em não se tratar a dor
durante a gestação, o que também é reforçado na pesquisa. “Dado o amplo
uso de acetaminofeno (paracetamol) entre as mulheres grávidas, isso
pode ter implicações importantes sobre conselhos de saúde pública. No
entanto, o risco de não tratar a febre ou a dor durante a gravidez devem
ser cuidadosamente ponderados contra qualquer dano potencial de
acetaminofeno para a prole”, conclui o estudo.
Fonte: Crescer
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