O Clima Econômico da América Latina (ICE) recuou 5,5 pontos entre
abril e julho, atingindo 72 pontos e ficando 17 pontos abaixo da média
histórica dos últimos dez anos. A constatação é do Indicador Ifo/FGV de
Clima Econômico da América Latina, elaborado numa parceria pelo
Instituto alemão Ifo e a Fundação Getúlio Vargas.
Os dados
divulgados hoje (10), no Rio de Janeiro, indicam que a queda entre abril
e julho é explicada “tanto pela situação corrente que se encontra a
América Latina quanto pelas perspectivas de curto prazo: o Indicador da
Situação Atual (ISA) caiu 2,2 pontos indo para 37,4 pontos; e o
Indicador das Expectativas (IE) recuou 10,3, ficando em 116,5 pontos.
A
queda mais acentuada do indicador se deu no Brasil, onde o ICE, ao
variar 20 pontos, foi de 79 para 59 pontos entre abril e julho. Segundo a
divulgação, apesar de se manter na zona favorável de 134,6 pontos em
julho, o Indicador das Expectativas foi o que mais contribuiu
negativamente para queda da ICE ao cair 54,7 pontos em relação a abril.
Já o Indicador da Situação Atual, mesmo recuando 3 pontos, se manteve na
zona desfavorável (7,7 pontos) em relação a abril.
Ao analisar a
publicação, a pesquisadora da FGV/Ibre, Lia Valls Pereira, disse que o
indicador do clima econômico do mundo ficou estável na zona favorável,
com o ICE até melhorando nos países/regiões das economias de renda alta.
“Mas,
em algumas regiões de economias emergentes/em desenvolvimento, como na
América Latina, o ICE piorou”, afirmou. Ela ressaltou que essa piora
ocorre num cenário externo favorável com preços das commodities
em alta e crescimento do comércio mundial. “Na América Latina, questões
domésticas de cunho econômico e/ou político explicam o recuo do ICE”,
acentuou.
“Incertezas quanto aos resultados de eleições (Chile e Argentina); piora na avaliação de riscos por agências de rating (Chile
e Brasil); temas de corrupção (Peru e Brasil, por exemplo), baixo
crescimento econômico generalizado na região e questões fiscais
envolvendo vários países” são fatores que dominam o cenário da região,
explica Lia.
Segundo ela, “chama a atenção”, porém, o fato de que
“se tiramos o Brasil, os países do Mercosul apresentaram resultados
mais favoráveis de clima econômico que os da Aliança do Pacifico”.
Clima Econômico
Os
dados da Ifo/FGV indicam, também, que o Índice de Situação Econômica do
Mundo ficou estável em julho, fenômeno que vem de uma trajetória de
melhora desde julho de 2016.
“Nas principais economias mundiais
desenvolvidas, o ICE está na zona favorável, sendo exceção o Reino
Unido, que teve uma queda de 51 pontos e está na zona desfavorável.
Entre o Brics (grupo de países chamados emergentes e que reúne Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil só não está pior que a
África do Sul”, destaca o relatório.
O estudo comprova que a
Rússia e a China estão próximas da zona favorável e a Índia desponta
como o país de melhor avaliação entre os cinco do grupo. A piora na
América Latina se dá, apesar da tendência de melhora a partir de janeiro
de 2016, com interrupções entre outubro de 2016 e janeiro de 2017 e
agora em julho. “Ainda assim, o ICE da América Latina não conseguiu
voltar para a zona de avaliação favorável que havia sido dominante na
primeira década do século XXI e no período de boom das commodities”, ressalta o estudo.
Queda na América Latina
O
Clima Econômico da América Latina cai na comparação entre abril e julho
para 7 dos 11 países analisados mais detalhadamente no relatório da
Sondagem da América Latina. Há melhora para a Argentina (+ 0,6 ponto),
Bolívia (+20,1 pontos) e México (+18,5 pontos) e a Venezuela permanece
no patamar mínimo do indicador.
Apesar da queda no ICE, os países
do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), exceto o Brasil,
estão na zona favorável de avaliação. Em contrapartida, nações da
Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru) encontram-se na
zona desfavorável.
Fonte: Agência Brasil
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