O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda causa de morte e a
primeira de incapacidade no Brasil. Apenas em 2015, 100.520 pessoas
morreram em decorrência da doença. Do total, 4.592 mortes foram de
pessoas com menos de 45 anos, de acordo com os últimos dados catalogados
pelo Ministério da Saúde, que registrou no mesmo ano 212.047
internações relacionadas ao AVC, que pode ser provocado por obstrução de
artéria ou mesmo rompimento de vasos sanguíneos.
O total de
casos e os problemas gerados por eles podem ser menores se forem
adotadas medidas preventivas. “Trata-se de uma doença grave, autoimune e
incapacitante, mas que tem uma grande capacidade de prevenção”, afirma o
diretor científico da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Rubens
Gagliardi.
Segundo a ABN, 90% dos AVCs estão ligados a fatores
que podem ser modificados, por isso, a organização e outras parcerias,
como a Rede Brasil AVC, aproveitam o Dia Nacional de Combate ao AVC,
celebrado neste domingo (29), para chamar atenção da sociedade com a
campanha “Qual o seu motivo para prevenir um AVC?”.
Doença pode ser evitada
Por
meio de vídeos, panfletos e diversas atividades que ocorreram ao longo
desta semana, as organizações apontam que é possível prevenir o AVC por
meio das seguintes ações: controlar a pressão alta; fazer exercícios
físicos moderados cinco vezes na semana; ter uma dieta saudável e
balanceada com mais frutas e verduras e menos sal; reduzir o colesterol;
manter peso adequado; não fumar e evitar exposição passiva ao tabaco;
reduzir a ingestão de álcool; identificar e tratar a fibrilação atrial;
evitar diabetes, adotando acompanhamento médico; e conhecendo mais sobre
o AVC.
“Essa
campanha faz parte de uma iniciativa mundial que tem sido realizada
desde que a Associação Mundial do AVC determinou o 29 de outubro como o
Dia Mundial de Combate ao AVC. Em várias cidades do país, fazemos a
campanha para a população. Os médicos saem às ruas e informam sobre o
que é a doença, como se caracteriza o AVC, os principais sintomas, o que
fazer em caso de ocorrência”, explica Gagliardi, que avalia que é
perceptível a melhora no conhecimento da população sobre o problema e,
com isso, a diminuição das ocorrências.
“Riscômetro de AVC”
Para
contribuir com a efetivação de medidas protetivas, a ABN sugere que
profissionais de saúde tenham mais atenção e ofereçam tratamento
preventivo aos pacientes com história prévia de doenças
cardiovasculares. Isto porque um terço dos AVCs ocorre em pacientes com
AVC ou AIT (Acidente Isquêmico Transitório) prévios. Medidas para
controlar a pressão arterial e a fibrilação atrial são algumas das que
podem dificultar a ocorrência do problema.
A população em geral
também pode fazer a sua parte. Além de adotar as medidas sugeridas, é
possível conhecer o risco de sofrer um AVC, o que pode ser feito em
diálogo com médicos e também usando a tecnologia, como o aplicativo
gratuito “Riscômetro de AVC”, que ensina a reconhecer os sinais de AVC e
os hospitais que são Centros de AVC em todas as regiões, além de
oferecer mais dicas de prevenção.
O Ministério da Saúde espera
reduzir em 15% os óbitos por AVC e 10% por infarto como resultado das
ações do Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos Processados,
que tem a meta de tirar 28.562 toneladas de sódio dos alimentos
processados até 2020.
Até o momento, segundo o ministério, mais
de 7 mil toneladas de alimentos já foram retiradas das gôndolas dos
supermercados. Além disso, para reduzir o número de internações e óbitos
no país por doenças crônicas, foi lançado o Plano de Ações Estratégicas
para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT),
que tem a expansão da atenção básica como uma das principais ações de
enfrentamento.
Para concretizar a expansão, o Ministério da Saúde
anunciou investimentos de R$ 1,7 bilhão para custear novos serviços
oferecidos na atenção básica.
AVC cresce entre quem tem menos de 45 anos
Rubens
Gagliardi detalha que o AVC já chegou a ser a principal causa de morte
no Brasil. Agora, apesar da diminuição dos casos, o que tem chamado a
atenção é o crescimento da ocorrência entre pessoas mais jovens, com
menos de 45 anos.
Questionado quanto a uma possível tendência,
ele ponderou: “É uma evidência. O estilo de vida das pessoas tem mudado.
Hoje, o jovem fica mais exposto ao estresse, há muito uso de drogas
ilícitas entre os jovens, encontramos muitos deles obesos. Esses fatores
todos podem favorecer o AVC”, indica.
No caso dos mais jovens, o
AVC também pode estar relacionado à ocorrência de lesão na parede do
vaso que leva sangue para o cérebro, por exemplo, em caso de acidente de
carro. No caso de crianças, os fatores mais comuns são as doenças
genéticas, segundo o Ministério da Saúde.
Fonte: Agência Brasil