O Ministério da Educação (MEC) vai oferecer 80 mil vagas a partir do
próximo ano para formação inicial de professores, dentro do Programa de
Residência Pedagógica. Ele foi lançado ontem (18) no âmbito da Política
Nacional de Formação de Professores, que também foi reformulada e
abrange ainda a criação de uma Base Nacional Docente e a flexibilização
das regras do Programa Universidade para Todos (ProUni) para
preenchimento de vagas de licenciatura ociosas.
A residência
pedagógica é uma modernização do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (Pibid) e o objetivo principal é a melhoria da
qualidade da formação inicial e uma melhor avaliação dos futuros
professores, que terão um acompanhamento periódico. O edital será
lançado no próximo ano e as instituições formadoras de professores
deverão estabelecer convênios com as redes públicas de ensino. O
ingresso no estágio supervisionado será feito ao longo da graduação, a
partir do segundo ano.
“O papel do professor é decisivo para transformar a realidade da
educação no país. E para cumprir esse desafio temos discutido bastante
[sobre] politicas públicas que valorizem o papel do professor. E a
valorização a partir da formação inicial, com o espírito da prática da
residência pedagógica, vai facilitar a amplitude do conhecimento prático
do professor e melhorar seu conteúdo do ponto de vista de
aprendizagem”, afirmou o ministro da Educação, Mendonça Filho,
explicando que os princípios da nova política consistem na maior
colaboração entre União, redes de ensino e instituições formadoras.
Segundo
o MEC, o Censo da Educação de 2016 demonstra que, dos 2,1 milhões de
professores da educação básica do país, mais de 480 mil só possuem
ensino médio e mais de 6 mil, apenas o ensino fundamental. Cerca de 95
mil têm formação superior, sem cursos de licenciatura. Possuem formação
em licenciatura 1,6 milhão de professores, porém, muitos desses não
atuam em sua respectiva área de formação. Dos professores de língua
portuguesa, por exemplo, 60% têm formação na área, e dos que lecionam
matemática, apenas 50%.
“O tempo que esse aluno está sendo
exposto a aulas com professores que não têm formação adequada é muito
grande”, disse a secretária-executiva do MEC, Maria Helena Castro.
Segundo ela, as mudanças na política partiram de um diagnóstico
preocupante, de baixa qualidade na formação inicial dos professores,
desempenho insuficiente dos alunos e aumento das desigualdades
educacionais.
“A qualidade do professor é isoladamente o fator
que mais influencia a melhoria do aprendizado. Independente das
diferenças de renda e das desigualdades que existem, a qualidade do
professor é o que mais pode nos ajudar a melhorar a qualidade da
educação e a equidade do sistema”, disse a secretária-executiva.
Maria
Helena explicou que há uma enorme capilaridade em termos de oferta de
cursos de formação, o que falta é uma política para integrar todos os
atores. Hoje, 1,4 milhão de alunos frequentam cursos de licenciatura no
Brasil, o que representa 18,4% dos alunos da educação superior.
A
reformulação da Política Nacional de Formação de Professores inclui
ainda a criação da Base Nacional de Formação Docente, que vai nortear o
currículo de formação de professores no país. A proposta dessa base será
feita em colaboração com estados, municípios, instituições formadoras e
Conselho Nacional de Educação (CNE). No início de 2018, o MEC abrirá
uma consulta pública para ouvir opiniões de especialistas e educadores.
Flexibilização do ProUni
A
Política Nacional de Formação de Professores vai flexibilizar as regras
para bolsistas do ProUni para o preenchimento de vagas ociosas. Segundo
o MEC, 36% das 56 mil vagas de licenciatura oferecidas no ProUni estão
ociosas – o que equivale a 20 mil vagas não aproveitadas.
A
partir de 2018, os professores que desejem fazer uma segunda formação em
cursos de licenciatura poderão entrar no programa sem a comprovação de
renda. Essa possibilidade também estará disponível para o público geral,
para a formação inicial . Para concorrer a uma dessas vagas, os
interessados deverão participar de uma segunda chamada após a seleção
regular.
Formação continuada
A partir de
2018, o MEC também vai reservar 75% das vagas da Universidade Aberta do
Brasil (UAB) para a formação de professores que cursem seu primeiro ou
segundo curso de licenciatura. A estratégia faz parte do plano de
retomada da UAB, que não ofertava vagas desde 2014. Entre 2017 e 2018,
serão ofertadas 250 mil vagas nessa modalidade. O MEC quer investir
ainda na ampliação de mestrados profissionalizantes, cursos de
especialização e na cooperação internacional na formação de professores.
Fonte: EBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário