Fórmulas, teorias e regras gramaticais não devem ser o único foco de
quem está se preparando para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem). A prova costuma abordar também assuntos do cotidiano, tanto em
perguntas específicas como em textos que subsidiam as questões. Por
isso, a sugestão dos professores é que os alunos acompanhem de perto os
principais acontecimentos no Brasil e no mundo.
“Para a prova do
Enem, saber do mundo é tão importante quanto o que vemos em sala de
aula. Os acontecimentos na nossa história atual tem a capacidade de nos
questionar constantemente sobre o que significa ser humano e viver em
sociedade”, diz a professora de história Alba Cristina, da plataforma de
ensino Me Salva!
O coordenador de história do Grupo Etapa,
Thomas Wisiak, lembra que em qualquer disciplina os assuntos de
atualidades podem aparecer ou servir de motivos para algum exercício.
“Os alunos devem estar a par dos grandes acontecimentos acompanhando um
ou mais meios de comunicação confiáveis”, orienta o professor. Ele
também recomenda que os alunos fiquem atentos aos grandes temas da
atualidade no Brasil, que costumam ser mais abordados no Enem.
O
professor de Geografia e Atualidades do curso Anglo, Axé Silva,
aconselha os alunos a fazerem uma auto-avaliação crítica sobre seus
conhecimentos em atualidades e aperfeiçoar o que não estiver com
segurança. “Diante desses temas, eles devem pensar um pouco na essência
de cada um deles, e se ele se sente seguro sobre cada assunto. O que
atrapalha muito os candidatos é ele não confiar nele mesmo, é ter
algumas inseguranças sobre alguns assuntos”. Ele também alerta para o
cuidado com as notícias falsas e orienta os alunos a procurar sempre as
fontes primárias de informações, como órgãos oficiais.
Apostas
Entre
os temas que podem ser abordados no Enem deste ano, a professora Alba
aposta nas relações étnico-raciais, nas migrações, nas questões de
gênero e na tensão entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos. Ela
também lembra que este ano se comemora o centenário da Revolução Russa e
do início da Primeira Guerra Mundial. “Pode ser este o estímulo para
que apareçam no Enem relacionados a geopolítica, a concepção de Estado e
relações socioeconômicas”, diz.
A Revolução Russa também é uma
das apostas do professor Axé Silva. No cenário internacional ele ainda
cita a questão do multilateralismo e unilateralismo. “Por um lado, vemos
a China formando um grande complexo socioeconômico, estratégico e
logístico, que mostra esse multilateralismo, e por outro lado vemos
ideias e ações de desintegração, como as ideias de Donald Trump e outros
países que olham cada vez mais para si. Estamos vivendo essa nova ordem
internacional”, explica.
No Brasil, questões ligadas à
urbanização, saneamento básico, crise hídrica e violência urbana também
podem ser abordadas. Axé lembra que os assuntos relacionados ao meio
ambiente sempre têm destaque no Enem e podem ser abordados em várias
disciplinas, como geografia, biologia e química. Um dos temas pode ser a
busca de alternativas para a geração de energia limpa.
A
discussão sobre a demarcação de terras indígenas e o acesso às terras de
descendentes de quilombolas também pode ser abordada, segundo o
professor Wiziak. “Isso gera muita discussão e também remete a um
histórico de disputa no Brasil em torno da terra”, diz, lembrando que na
prova do Enem existe a preocupação de verificar se o aluno conhece o
processo de formação da identidade brasileira.
Outro tema que
pode aparecer é a segurança pública, ou mais especificamente a crise no
sistema carcerário brasileiro, assim como questões ligadas ao trabalho,
que costumam aparecer bastante no Enem. “Isso pode remeter à discussão
da reforma trabalhista ou a outros momentos da história em que houve
mudanças na relação de trabalho, como a criação da CLT, no governo
Getúlio Vargas, e mudanças na sociedade brasileira em função das
questões de trabalho, como a escravidão”, diz Wisiak.
Segundo
ele, questões de política da atualidade podem ser abordados como motivo
para se referir a outros momentos da história. O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff pode ser relacionado, por exemplo, ao impeachment de Fernando Collor, em 1992, ou à crise política em 1955, durante o governo de Juscelino Kubitschek.
Fonte: Agência Brasil
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