segunda-feira, 7 de julho de 2014

Celular é novo aliado da indústria de cartões

A estimativa da Visa é que essas novas tecnologias possam atrair para os meios eletrônicos cerca de R$ 117 bilhões (US$ 53 bilhões) em transações feitas sem cartão por profissionais liberais no País — e permitir a cobrança de tarifas sobre esse montante.
O mercado financeiro aposta que as soluções de pagamento via celular são adequadas para pequenos empresários e profissionais autônomos, pois seu custo é menor do que o das maquininhas que estão no varejo. Ao todo, existem 23 milhões de pequenas empresas e autônomos no País, segundo dados do Sebrae, e pelo menos 19 milhões deles não aceitam cartão.
Em novembro, a legislação brasileira regulou o uso de cartão pré-pago associado a um número de telefone e definiu que qualquer empresa que queira transacionar dinheiro via pagamento móvel precisa de autorização do Banco Central. "A regulamentação foi o sinal para que a indústria pudesse investir pesado nessa tecnologia", diz o vice-presidente da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), Raul Moreira.
Do lado de quem vende as soluções, empresas como Cielo, Ingenico e Verifone criaram versões "mobile" das maquininhas de cartão. A Cielo vende a sua a R$ 11,90 ao mês — cerca de 90% menos que o aparelho tradicional. "O celular faz o papel da maquininha e abre um mercado novo para a Cielo, que é atender o pequeno vendedor que não aceita cartão", diz o vice-presidente de produtos e negócios da Cielo, Dilson Ribeiro. Hoje, há 133 mil clientes da Cielo que aceitam cartão por meio do celular.
Ribeiro espera que, em cinco anos, 5 milhões de pessoas recebam pagamento pelo celular - número que é mais que o dobro da base atual de maquininhas Cielo, de 1,8 milhão. A meta é que o e-commerce e os pagamentos móveis representem 20% do volume transacionado pela companhia até 2020. Hoje, R$ 450 bilhões são processados no sistema da empresa por ano.
Parcerias
O pagamento móvel motivou também parcerias entre bancos, operadoras de telefonia e bandeiras de cartão. Oi, Banco do Brasil e Visa, por exemplo, lançaram juntas, em junho, uma solução para pagar compras usando o celular em lojas físicas - por meio de uma tecnologia de aproximação chamada NFC, ainda restrita aos smartphones mais caros. A TIM testa o NFC em duas parcerias - uma com Itaú, MasterCard e Redecard e outra com Bradesco, Visa e Cielo.
Ninguém quis entrar nesse mercado sozinho. "Pesou o fato de ser ainda um mercado muito novo e a complexidade de criar uma solução para transação de dinheiro via celulares", diz João Paulo Bruder, coordenador de telecomunicações da IDC.
Telefônica e Mastercard se uniram em 2012 para criar a MFS, empresa que administra o Zuum. O serviço, hoje com 250 mil clientes, permite transferências de dinheiro mesmo sem ter conta em banco (realidade para cerca de 40% da população brasileira). "Acredito que vamos ser um produto de massa no futuro", disse o presidente da MFS, Marcos Etchegoyen.
O Bradesco abriu com a Claro a empresa MFO também para atuar nesse negócio. O produto, Meu Dinheiro Claro, foi lançado no início do ano. "É um novo uso para o celular que trará mais receitas para as operadoras", disse o diretor de serviços de valores adicionados (SVA) da Claro, Alexandre Olivari.
Além das receitas adicionais, as operadoras querem incentivar o uso do celular como carteira para melhorar a fidelização. "O cliente que associa seus cartões ou qualquer transação financeira ao celular dificilmente vai trocar de operadora a cada promoção", disse o diretor de serviços digitais da Telefônica Vivo, Maurício Romão.
Apesar da aposta na tecnologia, o uso ainda é irrisório considerando que o Brasil tem 275 milhões de celulares habilitados. O maior desafio é ensinar o uso da tecnologia ao cliente e convencê-lo que pagar e receber pelo celular é tão simples quanto mandar SMS ou ouvir música.
Fonte: R7

Nenhum comentário:

Postar um comentário