Mercado gera prejuízo de R$ 100 bilhões por ano para o país.
Maioria indicou como principal vantagem o preço baixo.
Uma pesquisa revelou os hábitos dos brasileiros quando o assunto é contrabando: muita gente fala mal, sabe que é ruim, mas compra assim mesmo. Uma de cada três pessoas ouvidas pelo Datafolha confessou que já comprou produtos contrabandeados, e não é preciso ir longe para encontrar esses produtos.
O número de pessoas que confessaram que já compraram algum produto contrabandeado é alto e alimenta um mercado que gera um prejuízo bilionário para o país: R$ 100 bilhões por ano é quanto o Brasil deixa de ganhar por causa desse mercado ilegal.
Uma fronteira aberta ao contrabando. Foz do Iguaçu, no Paraná, é a principal porta de entrada de produtos ilegais que vem do Paraguai. E boa parte é vendida na capital paulista.
O cigarro é o produto mais contrabandeado no país. Em São Paulo, basta caminhar pelas ruas e pelas praças para encontrar alguns pontos de venda. Ao ver a câmera, um vendedor que se preparava para vender o produto recolheu tudo e foi embora. Não quis saber de conversa.
Uma pesquisa mostra que o brasileiro adquire mercadoria contrabandeada e não esconde isso. De cada três pessoas, uma admite que já comprou. Por quê? A maioria indicou como principal vantagem o preço baixo. E nesse caso não tem aquela história de comprar gato por lebre: o brasileiro sabe que se trata de um produto de baixa qualidade.
“Ou funciona por um tempo e já para ou então você liga e ele já nem, nem funciona mais. Você tem que voltar na loja e é aquela burocracia para trocar, porque eles não se responsabilizam pelo produto e é esse rolo”, afirma um homem.
O corretor de imóveis Manoel Coelho era sacoleiro. Ia até Cidade do Leste, no Paraguai, e trazia contrabando para revender em São Paulo. “O preço era decisivo lá. Eu gostava de comprar lá porque comprava lá e vendia aqui mais caro. Mas o produto não prestava não. Não era bom”, afirma.
Segundo a pesquisa, 92% acreditam que, se os preços dos produtos vendidos legalmente fossem mais baixo, deixariam de comprar mercadorias contrabandeadas. Quase a metade dos entrevistados apontou o Governo Federal como o maior culpado pelo contrabando. O brasileiro considera o reforço no policiamento e o controle das fronteiras como as principais medidas para evitar essa atividade criminosa.
O instituto que encomendou a pesquisa afirma que os governos precisam atuar em conjunto para combater o contrabando. “No sentido de criarmos uma política que seja cumulativa, convergente, articulada para lidar com o fato de que nós temos mais de R$ 100 bilhões de perda no mercado interno com o contrabando nas suas diversas formas”, afirma Evandro Guimarães, presidente executivo do Instituto Ético.
Ao todo, 60% das pessoas entrevistadas disseram que não sabem reconhecer um produto contrabandeado. O Ministério da Justiça declarou que só vai se pronunciar depois de tomar conhecimento do conteúdo da pesquisa.
Fonte: G1
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