O novo modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não deverá
mais servir para certificar a conclusão do ensino médio. Os treineiros –
aqueles que fazem as provas só pra treinar – também deverão ser
excluídos do processo e terão, em troca, um simulado nacional, aplicado
em julho, antes do Enem, que ocorre no final do ano. As mudanças foram
adiantadas pela presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini, na reunião do
Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
O anúncio
oficial do novo Enem será feito após a segunda aplicação do exame, que
será nos dias 3 e 4 de dezembro. Algumas das mudanças podem começar a
valer em 2017. Segundo Maria Inês, o Inep estuda formas de adequar o
Enem à reforma do ensino médio, que consta na Medida Provisória
746/2016. As alterações ainda estão em discussão.
Certificação
Atualmente,
o Enem pode ser usado para que os estudantes obtenham certificado de
conclusão do ensino médio. Para isso, é preciso alcançar pelo menos 450
pontos em cada uma das áreas de conhecimento das provas e nota acima de
500 pontos na redação. Cerca de 11% dos inscritos conseguem esse
resultado anualmente e obtêm a certificação.
"O exame não foi
preparado para fazer esse tipo de avaliação", disse a presidente do
Inep. No ano passado, segundo ela, dos 990 mil candidatos que fizeram o
Enem com essa finalidade, 74 mil obtiveram a certificação.
A
intenção é que as certificações sejam concentradas no Exame Nacional
para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) já
aplicado atualmente no Brasil e no exterior. O Encceja pode ser usado
para a certificação no nível de conclusão do ensino fundamental para
quem tem no mínimo 15 anos completos, e do ensino médio, para aqueles
com 18 anos ou mais.
A ideia de retirar a certificação do ensino médio do Enem vem desde a
gestão passada do Ministério da Educação (MEC). O então ministro
Aloizio Mercadante chegou a anunciar um novo exame voltado apenas para isso, que seria aplicado este ano. Isso não ocorreu.
Treineiros
O
Inep quer aplicar um simulado nacional para os treineiros, ou seja,
aqueles que ainda estão cursando o ensino médio. Atualmente, os
treineiros fazem o exame na mesma data, mas não podem usar o resultado
para ingressar no ensino superior.
Maria Inês enfatiza que os
direitos adquiridos pelos estudantes, de usar a nota para participar de
seleção para o ensino superior público pelo Sistema de Seleção Unificada
(Sisu) e para concorrer a bolsas de estudo pelo Programa Universidade
para Todos (ProUni) serão mantidos no novo modelo.
"Todas essas
demandas e rumos que a reforma do ensino médio mostram para nós têm sido
a preocupação do Inep na modernização do Enem, que em momento algum
fará agressão ao currículo e não agredirá os direitos adquiridos na
concorrência de vagas do Sisu e das bolsas do ProUni", disse a
presidente do Inep.
Reforma do ensino médio
Pela
MP 746/2016, parte da carga horária do ensino médio é voltada a um
aprendizado comum, definido pela Base Nacional Comum Curricular, que
ainda está em discussão; e, na outra parte, o estudante poderá escolher
entre cinco itinerários formativos: linguagens; matemática; ciências da
natureza; ciências humanas; e formação técnica e profissional.
A
intenção é adequar o Enem a esse modelo. A presidente não adiantou as
mudanças que serão feitas nesse sentido. Uma das possibilidades,
cogitada por especialistas, é que haja modelos diferentes de Enem, mais direcionados para o que os estudantes aprenderam na etapa de ensino.
Fonte: Agência Brasil
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