Pesquisa divulgada em um festival de inovação, em São Paulo, revelou
dados sobre o racismo no ambiente de trabalho. No estudo, que ouviu
cerca de 200 pessoas entre 18 e 50 anos, de diferentes classes sociais,
67% dos entrevistados afirmaram acreditar que já deixaram de ser
contratados para uma vaga por serem negros. E seis em cada dez disseram
que já foram vítimas de discriminação no ambiente de trabalho.
Entre
as principais dificuldades para conseguir entrar no mercado de
trabalho, os entrevistados elencaram a falta de qualificação (43%) em
primeiro lugar, seguida pelo racismo (34%) e por não ter o domínio da
língua inglesa (31%) . “As consequências do racismo interferem
diretamente na qualidade de vida e produtividade dos trabalhadores ao
psicossomatizar em seus corpos, contribuindo para o adoecimento de
talentos, e, ainda, fazendo com que o rendimento não seja desenvolvido
tanto quanto poderia. Sob a perspectiva empresarial, um ambiente que
propaga o racismo contribui significativamente para a baixa
produtividade do colaborador, para o desenvolvimento de doenças físicas e
psíquicas”, apontou Fernando Montenegro, idealizador da pesquisa.
Os
entrevistados contaram que já alisaram ou rasparam o cabelo para passar
por uma entrevista de emprego ou para ser aceito no ambiente de
trabalho. “O gerente disse que eu deveria tirar as tranças e alisar o
cabelo para ficar mais bonita”, contou uma das entrevistadas na
pesquisa, que não teve seu nome revelado.
Recolocação
Outro
dado apontado pela pesquisa trata da carreira e recolocação no mercado.
Entre os entrevistados, 36% disseram que não largariam o emprego para
buscar a realização de um sonho porque o fato de ser negro acarretaria
em mais tempo para se recolocar no mercado de trabalho. Segundo o
estudo, a ideia de pedir demissão para encontrar o sucesso ou refletir
sobre a carreira é mais difícil para essa população.
Segundo
Montenegro, a conclusão reforça pesquisas anteriores que demonstraram
que os negros demoram mais para conseguir um emprego caso sejam
demitidos ou peçam demissão. “Se eu pedir demissão para seguir meus
sonhos ou refletir sobre minha carreira, sei que demorarei muito mais
para me recolocar. Além disso, não saberia como justificar isso em uma
próxima entrevista de forma que não parecesse uma atitude irresponsável
de minha parte. Fora que isso suja carteira [de trabalho] e tenho contas
para pagar”, disse uma das entrevistadas pelo estudo, de nome não
revelado.
A pesquisa, elaborada pela Consultoria Etnus, foi feita
especialmente para compor um debate sobre transformação social dentro
da programação do festival de inovação WHOW!, que acontece em São Paulo
até hoje (27).
Fonte: Agênia Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário