O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) informou hoje (3)
que o risco de déficit de energia este ano é de 0,1%. O percentual
considera a situação dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste.
O
colegiado é responsável pelo acompanhamento das condições de
abastecimento e pelo atendimento ao mercado de energia elétrica do país.
Em reunião nesta quinta-feira, o Operador Nacional do Sistema (ONS)
apresentou dados do Plano de Operação Elétrica para 2017. O plano avalia
o desempenho dos sistemas elétricos nacionais interligados, tomando
como projeção o período de janeiro de 2018 a abril de 2019.
Segundo
o comitê, ao final do mês de julho, verificaram-se percentuais de
Energia Armazenada (EAR) de 38,4%, 71,1%, 15,3% e 59,4% respectivamente
nos reservatórios equivalentes dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste,
Sul, Nordeste e Norte, “referenciados às respectivas EAR máximas. Os
valores esperados de armazenamentos equivalentes ao final do mês de
agosto são: 32,6% no Sudeste/Centro-Oeste, 60,5% no Sul, 11,5% no
Nordeste e 50,0% no Norte”, acresentou o colegiado.
O ONS
informou também que, em termos de Energia Natural Afluente (ENA) bruta,
“foram verificados no mês de julho de 2017 os valores de 79% no
Sudeste/Centro-Oeste, 38% no Sul, 31% no Nordeste e 60% no Norte,
referenciados às respectivas médias de longo termo (MLT).”
A ENA
reflete o volume de energia que pode ser produzido de acordo com o
regime de chuvas em determinado local. Quanto maior a ENA, maior a
quantidade de energia possível de ser produzida.
O ONS acrescenta
que as informações apontam para uma situação de neutralidade na
temperatura superficial do Oceano Pacífico Equatorial e que tal cenário
“não deve interferir significativamente no regime pluviométrico nos
próximos meses. Os dados mostram ainda que “previsões recentes indicam
com maior probabilidade a continuação de uma situação de neutralidade ao
longo deste ano.
Ainda durante a reunião, a Secretaria de
Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia informou que a
expansão do sistema no ano de 2017, até o mês de julho, “totalizou
3.708,5 MW de capacidade instalada de geração, 1.139,7 km de linhas de
transmissão de Rede Básica e conexões de usinas e 8.039 MVA de
transformação na rede básica”. A secretaria destacou ainda a entrada em
operação comercial da sexta unidade geradora da Usina Hidrelétrica de
Belo Monte, com 611 MW de capacidade instalada.
Rio São Francisco
Apesar
da avaliação, o ONS destacou que, em razão da escassez de chuvas, foi
emitida autorização pela Agência Nacional de Águas (ANA) para a redução
das vazões defluentes dos reservatórios de Sobradinho e Xingó para o
valor médio diário de 550m³/s. No entanto, para que os testes com essa
vazão sejam iniciados, é necessário que o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também emita sua
autorização, o que está sendo aguardado.
De acordo com simulações
do operador, o quadro de situação desfavorável continua. Simulações
atualizadas de expectativa de armazenamento nas usinas hidrelétricas de
Três Marias, Sobradinho e Itaparica, ao longo do período seco,
“utilizando os piores cenários de afluências verificados no histórico,
[...] têm se aproximado da realidade vivenciada atualmente”.
Os
resultados mostram que os níveis de armazenamento de Três Marias e de
Sobradinho atingirão 4,1% e -1,0% dos volumes úteis dos reservatórios,
respectivamente, ao final do período seco, em novembro. O ONS observa
que, "caso a vazão defluente de Xingó seja reduzida para 550m³/s a
partir do mês de setembro, o reservatório de Sobradinho conseguirá
manter-se acima de seu nível mínimo operativo, com 0,3% do volume útil
ao final do período".
A situação de Sobradinho, maior
reservatório do país em área alagada, é preocupante. O Lago de
Sobradinho, na Bahia, principal regulador de águas da Bacia do São
Francisco, iniciou o mês de agosto com apenas 10% de sua capacidade
total de armazenamento, o pior resultado para este mês desde que foi
formado, em 1980. Por causa da situação crítica, o volume de água
guardada equivale a menos da metade do que Sobradinho tinha em agosto do
ano passado.
Para o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico,
diante do atual quadro de escassez hídrica na Bacia do São Francisco, é
necessário o permanente “acompanhamento da evolução das condições
hidrometeorológicas da bacia e do armazenamento dos reservatórios de
Três Marias e Sobradinho, visando identificar a necessidade de
implementação de medidas adicionais".
Fonte: EBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário