A
diretora da Unesco criticou também as correntes políticas e sociais que
defendem a redução da maioridade penal, especialmente no momento em que
dados científicos mostram o crescimento da mortalidade juvenil. Para
Marilova Noleto, o Brasil vive um “cenário desolador”, com a
“banalização” das mortes, principalmente, de jovens.
“Não é possível que nós sejamos coniventes com tantas mortes,
sobretudo as precoces, quando falamos em 116 mortes por dia. Um número
bem maior do que o de muitos países que vivem conflitos armados. Nos
cabe refletir se esse é o momento de examinar cláusulas da Constituição
brasileira, como a redução da maioridade penal. Temos que estar muito
atentos a isso”, argumentou a diretora da Unesco.
“Sabemos
por meio de dados de várias pesquisas que, quando nós armamos a
sociedade, criamos condições para mais violência e mais morte. O
discurso de que os cidadãos de bem estão desarmados e os bandidos
armados não se sustenta em nenhum dado científico. O que sabemos é que
quanto mais armas em circulação, mais mortes”, acrescentou Marilova
Noleto.
A secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki,
reconheceu que o país enfrenta um quadro “desesperador” em relação ao
número de mortes por armas de fogo e homicídio. “O problema existe, está
colocado, não há contestação [por parte do governo federal]. É uma
coisa que o governo já vem apontando há tempo, razão pela qual decidamos
trabalhar, junto com os governos dos estados, em um pacto para redução
dos homicídios”, disse Regina.
Ela também criticou a
possibilidade de flexibilização do Estatuto do Desarmamento, ressaltando
que as armas de fogo tem como única finalidade provocar morte. “A arma
que mais mata no Brasil não é aquela que vem de fora, mas é a fabricada
no Brasil. Os dados mostram que 85% das mortes por arma de fogo no país
são com [revólver de calibre] 38 fabricado no país. Ou seja, nós mesmo
somos aqueles que fabricamos, desviamos o caminho dessas armas. Temos
que mudar isso.”
Fonte: Agência Brasil
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