O desempenho foi o
pior entre os três poderes. No Executivo, a avaliação feita com pedidos
direcionados aos 38 ministérios alcançou um índice de 73,2% de respostas
que atenderam integralmente o solicitado. No Legislativo, os pedidos
enviados à Câmara e ao Senado foram completamente atendidos em 80% dos
casos.
“Saber que os órgãos da Justiça são os piores nesse
sentido, liga um sinal de alerta. Porque se o Executivo ou o Legislativo
não estiverem funcionando, quem vai fiscalizar a lei?”, questiona a
oficial de Acesso à Informação da Artigo 19, Joara Marchezini. Ao todo,
foram enviados, para elaboração da pesquisa, 255 pedidos de informação a
51 órgãos públicos federais, entre novembro de 2014 e março de 2015.
Em
todas as esferas, o estudo apontou dificuldade em obter informações
sobre a participação popular nos órgãos. Foram problemas tanto para
saber sobre o funcionamento dos canais abertos ao cidadão, quanto sobre
os participantes de audiências públicas, por exemplo. “Nos surpreendeu
muito, sobre os pedidos de atas e listas de presença [em audiências
públicas], que não exista essa sistematização nos órgãos”, ressaltou
Joara.
Também foi avaliada a chamada transparência ativa das
instituições, ou seja, as informações disponibilizadas ao público
espontaneamente, principalmente na internet. No Executivo, 28 dos 38
ministérios cumpriram todas as obrigações previstas na LAI. A Câmara e o
Senado cumpriram quatro dos cinco itens pesquisados, deixando apenas de
divulgar a lista de documentos classificados com algum grau de sigilo.
Nenhum dos 11 órgãos do Judiciário cumpriu integralmente a lei e sete
deles descumpriram dois ou mais critérios.
As informações de
divulgação obrigatória foram divididas em seis categorias: informações
institucionais; programas e projetos; lista de documentos classificados;
perguntas e respostas mais frequentes; participação popular e conteúdo
executivo-orçamentário.
A lista de documentos classificados não
foi divulgada por nenhuma das instituições legislativas ou judiciárias.
Em relação à participação popular, o item só é atendido por 54% dos
órgãos da Justiça. O poder judiciário também só atende às determinações
legais de transparência sobre programas e projetos em 63,7% dos casos.
O
contato com os órgãos do judiciário mostrou, segundo Joara, que essas
instituições ainda não reconhecem totalmente a legislação de
transparência. “Pelas repostas que a gente recebeu da Justiça, a gente
sente que a LAI ainda não é uma obrigação para eles”, enfatizou sobre a
percepção do contato com os órgãos, na maior parte das vezes via
ouvidoria.
Foram avaliados o Supremo Tribunal Federal (STF), o
Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
e os cinco Tribunais Regionais Federais. Além desses, foram pesquisados
três órgãos com funções essenciais à Justiça: Ministério Público
Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Conselho Nacional
do Ministério Público (CNMP).
Para Joara, é importante lembrar
que as solicitações para a pesquisa foram feitas pela equipe da ONG, que
tem experiência nesse tipo de trabalho. O cidadão comum deve encontrar
mais empecilhos ao buscar esclarecimento das próprias dúvidas. “A gente
está acostumado a fazer pedidos de informação, nós trabalhamos com isso a
bastante tempo. E se a gente tem essa dificuldade em conseguir
informação, imagina uma pessoa de uma cidade pequena, que quer
acompanhar uma obra pública, o quanto ela vai ter dificuldade”,
concluiu.
Fonte: Agência Brasil
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