Qual mãe nunca teve uma discussão com um filho pequeno que se recusava a ouvir um “não”? Aliás, seria sensato dizer que toda mãe,
em algum momento, se vê às voltas tentando encontrar a melhor maneira
de fazer uma criança entender a necessidade de aceitar o não. Afinal,
tente imaginar como seria a vida da criança se você dissesse “sim” para
tudo: Pode dormir na casa do amiguinho todos os dias, substituir o
almoço por bala e chocolate, ter todos os brinquedos que deseja no mesmo
dia em que são lançados e nenhum limite para nada na vida.
Trabalhar
o “não” em casa não é somente uma questão de impedir que a criança
torne-se mimada. É sobre criar limites e prepará-la para encarar a vida
adulta futuramente de um modo maduro.
Dizer não ensina a viver melhor em sociedade
Há quem caia na cilada de imaginar que aceitar tudo que os filhos querem
e pedem seja uma forma de aproximação, um facilitador para ganhar o
apreço deles. O efeito colateral disso é ter que lidar com o risco da
criança substituir os laços afetivos por valores materiais. Se você
sempre diz sim a tudo, quando disser não pela primeira vez, obviamente, a
reação será o estranhamento.
Em vez de trazer real proximidade, a criança passa a ver os pais como
uma fonte de bens materiais, sejam guloseimas, brinquedos, passeios,
etc. Diante da negativa, pensarão que estão sendo punidos e se sentirão
no direito de ficarem ofendidos.
Antes de te enxergar como
provedora, a criança precisa reconhecer e respeitar seu papel de
educadora. Sendo assim, o pulso firme, apesar de muita gente achar
difícil colocar em prática, é necessário.
Atentar para isso não se resume somente ao convívio familiar. Essas bases vão nortear a forma como seu filho
irá lidar com o mundo. Na escolinha, uma criança que quer tudo para si e
não sabe reconhecer limites, poderá ter sérios problemas de disciplina e
desempenho, diante de uma postura mais austera com um professor.
Os
relacionamentos de uma pessoa que não sabe conviver com o não também
tendem a ser cheios de problemas. Mais adiante, pense na vida adulta e
faça uma analogia com uma situação comum entre crianças: Quando seu orçamento aperta antes do mês acabar e você precisa pedir um adiantamento de salário, no mês seguinte você recebe o salário integral? Isso simplesmente não acontece e você se vê obrigada a enxugar as contas para não ficar no vermelho. Pois bem, se quando adulta o adiantamento significa saber que o próximo salário virá mais magro, porque você cederia aos apelos do seu filho para adiantar a mesada e daria o dinheiro do mês seguinte integralmente? Qual o ensinamento disso?
Dar uma mesada não é simplesmente separar uma quantia de dinheiro para a criança periodicamente, é preciso observar como é a conduta dela para a organização financeira. O intuito é que ela aprenda, através de pequenas coisas no cotidiano, como deve cuidar do dinheiro.
Pode ser que a primeira mesada seja toda torrada na primeira semana com bobagens, mas se você negar dar mais dinheiro, isso vai servir como lição. Aos poucos, através dos próprios erros, a criança terá a noção de que precisa guardar parte do dinheiro
para que ele dure o mês inteiro. Delegar algumas responsabilidades com
essa grana também é fundamental, para que ela saiba diferenciar aquilo
que é necessário daquilo que é supérfluo.
Isso será útil no futuro para que ela saiba administrar o dinheiro
do primeiro salário, para sair de casa com boas noções de como
administrar a própria grana, sem meter os pés pelas mãos assim que sair
da proteção do lar familiar.
A experiência de educar é desafiadora. Pode ter certeza que diante de alguns “nãos” amargos na infância, seu filho
irá chorar, fechar a cara, ficar emburrado por uns dias. É realmente
duro, mas é preciso ter convicção de que este é um esforço necessário
para trabalhar a formação da criança. Amar é educar, é ensinar valores e
deixar que as dificuldades também ensinem. Quando estiver vacilante,
lembre-se: a falta de limites é o principal obstáculo para a liberdade
no futuro.
Fonte: Uol
Nenhum comentário:
Postar um comentário