quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Consumidora tem pálpebras coladas ao abrir Super Bonder

Segundo Procon-SP, trata-se de acidente de consumo que deve ser reparado por empresa

Foto feita do olho da consumidora cinco dias depois do acidente: cílios superiores foram retirados para abertura - Reprodução
RIO - A história da catarinense Andréa Lacerda, que no dia 19 de outubro, sofreu um acidente de consumo ao abrir um tubo de cola Super Bonder e ter o olho esquerdo, rosto e cabelo atingidos pelo produto, mobilizou as redes sociais e já teve mais de 223 mil compartilhamentos desde a postagem no dia 23. Andréa que diz ter feito o post para alertar outros consumidores sobre o risco do uso do produto, mas conta ter se surpreendido com a repercussão de seu relato e mais ainda com a quantidade de casos semelhantes que foram compartilhados com ela por outros internautas.
— Sempre usava a cola uma única vez, pois a tampa fica presa e não conseguia fazer o segundo uso. Dessa vez, resolvi forçá-la para abrir e veio um jato que atingiu o meu olho esquerdo, que ficou colado, meu rosto e cabelo. Além disso, senti uma ardência enorme. Fiquei desesperada. A oftamologista levou quase uma hora para descolar a pálbebra com um bisturi. Perdi os cílios superiores e ainda tem cola na pálbra inferior, mas só não haver dano na minha visão já é uma benção — diz Andréa, que ficou sem trabalhar até a última segunda-feira, vem usando colírio e pomada, três vezes ao dia, e hoje faz revisão com a oftamologista.
Após o procedimento com a oftamologista, ainda há cola na palpebra inferior e no rosto: tratamento compreende uso de colírio três vezes ao dio e pomada - Reprodução
Nesses últimos dias, ela conta que foram numerosos os relatos de pessoas que colaram os dedos, a perna e, nesta segunda, inclusive, o relato de uma mãe, cujo o filho, de dez anos de idade, tinha tido um acidente semelhante ao de Andréa, no fim de semana, e ainda se encontrava com o olho colado.
— Fiquei assustada e pensando no sofrimento do menino. Pelo relato, eles são de uma área carente, longe de hospitais. Quando aconteceu comigo, nem os bombeiros souberam me dizer o que fazer, mandaram eu procurar um hospital com urgência, e foi o que fiz — conta.
Passado o susto, Andréa pensa agora em registrar seu acidente em órgãos de defesa do consumidor e até em ir à Justiça:
— Meu maior objetivo é fazer com que a empresa mude a embalagem do produto para que outras pessoas não passem pelo que estou passando — afirma Andréa.
Procon orienta registro
Registrar o caso em órgãos de proteção e defesa do consumidor catarinenses é a orientação de Ivete Maria Ribeiro, diretora-executiva do Procon-SP, entidade que mantém um banco de acidentes de consumo aberto a consulta pública.
— É importante fazer esse registro para que se possa tomar medidas para prevenção e reparo de danos patrimoniais e morais sofridos não só por ela como também por outros consumidores, já que sabemos que esse não é o único caso de acidente com o produto. Os órgãos precisam de registro de casos para poderem agir — destaca Ivete.
A diretora do Procon-SP ressalta ainda que o Código de Defesa do Consumidor fala sobre o direito básico à saúde e segurança do consumidor e sobre a caracterização de acidentes de consumo, em que também se encaixam casos de embalagens inadequadas, informações insuficientes ao consumidor para o manuseio.
— No caso de Andréa, ela teve danos nas três instâncias previstas pelo direito: moral, fisíca e psíquica. O primeiro passo é guardar todos os laudos médicos e a comprovação de custos com tratamentos e buscar uma composição com a empresa. Se não for possível, o caminho do Judiciário é indicado. De qualquer forma é primordial que ela registre o caso nos órgãos locais de defesa do consumidor, nós já vamos incluir o relato dela em nosso banco de dados, mas não podemos agir, já que ela está fora da nossa área de atuação — explica.
Empresa reforça importância de seguir instruções
A Loctite Super Bonder informa que tomou conhecimento do caso pela redes sociais, não tendo sido contatada pela consumidora. A fabricante afirma que envou mensagem para Andréa, pedindo um telefone para contato, mas ainda não obteve retorno, motivo pelo qual, não teria detalhes sobre a situação da cliente.
Em nota, a multinancional diz que “aproveita a oportunidade para reforçar informações importantes para o seguro uso dos produtos” e explica que a Super Bonder é uma cola instantânea, à base de cianoacrilato que reage com a umidade. No caso de reutilização, a orientação da marca é “segurar o tubo com o bico para cima e dar um leve toque na base para que o produto que estiver no bico retorne para seu interior.” Além disso, o fabricante destaca a importância de limpar o bico com papel, antes de tampá-lo e armazená-lo em pé em lugar seco e fresco.
Em caso de contato do produto com os olhos, a empresa orienta enxaguar cuidadosamente com água em abundância. Para situações de emergência, a Loctite Super Bonder ressalta que há no verso da cartela duas linhas paraesclarecimentos e orientação em casos de acidentes: 0800 704 2334, disponível em horário comercial, e o 0800 014 8110, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana.

Fonte: O Globo

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