terça-feira, 27 de outubro de 2015

Maioria dos consumidores vai usar décimo terceiro para pagar dívidas

Parcela que destinará abono para reduzir endividamento subiu de 62% para 74% 

Com o aumento da inadimplência do consumidor, o pagamento de dívidas será a principal destinação do décimo terceiro salário este ano para a maioria dos brasileiros. De acordo com pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), esta foi a resposta de 74% dos 1.037 brasileiros entrevistados neste mês.
Esse número aumentou em relação a 2014, quando 68% dos consultados apontaram a quitação de débitos como primeira opção de uso do recurso recebido no fim do ano. O levantamento apontou que 83% dessas dívidas são relacionadas a cartões de crédito (44%) e cheque especial (39%). Em seguida, aparecem débitos com financiamento bancário (7%), regularização do nome (4%), prestações do comércio (4%) e dívidas diversas, como tarifas de serviços públicos (2%).
Foto: Arte O Dia
Especialistas da Anefac explicam que os dados indicam elevação do endividamento dos consumidores por conta da redução da atividade econômica, elevação da taxa de juros e inflação mais alta. Empatadas em segundo lugar na lista de destinação do 13º, com 8% das respostas, estão os que pretendem usar parte para compra de presentes e os que preferem poupar e aplicar o restante do dinheiro para pagar despesas comuns no começo do ano, como material e matrícula escolares, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores Terrestres (IPVA). Houve redução de 27,27% nesses itens em relação a 2014.
Entre os que farão compras, roupas e celulares aparecem mais vezes como itens a serem adquiridos, com 75% e 73%, respectivamente. Eletroeletrônicos e bens diversos, com 65% cada, também estão entre os mais citados pelos entrevistados. Em relação ao valor que os consumidores pretendem gastar, 42% disseram que será entre R$200 e R$ 500. Em seguida, estão os que informaram valores entre R$ 100 e R$ 200.
Sobre as formas de pagamento, a maior parte indicou o uso de recursos próprios à vista, como débito ou cheque (82%) e cartão de crédito (80%). Na comparação com o ano anterior, houve um aumento de 2,5% em relação aos que disseram pagar compras à vista. O cheque pré-datado será uma opção para 60% dos consumidores.
A Anefac orienta que o décimo terceiro seja usado preferencialmente para pagamento de dívidas, especialmente as que têm maiores encargos, como cartão de crédito rotativo e cheque especial. Na média, segundo a entidade, os juros atingem 13,59% ao mês (361,40% ao ano) e 10,24% ao mês (222,16% ao ano), respectivamente.
Sobra vai para presentes
O comércio vai disputar com as dívidas o destino do 13º dos trabalhadores. Segundo a pesquisa da Anefac, neste ano os produtos que mais vão atrair os recursos do abono natalino serão: roupas com 75%, celulares 73% e eletroeletrônicos e bens diversos com 65%. Diversos segmentos de compras apresentaram uma redução na intenção de gastos dos consumidores (produtos de valor agregado maior) como eletrônicos, celulares, linha branca, informática e materiais de construção, demonstrando maior cautela e redução de gastos dos consumidores, seja por conta de um ano de 2015 mais difícil — por conta da recessão econômica, inflação maior e juros maiores — seja por conta da piora das expectativas econômicas para o ano de 2016.
A intenção de compra de brinquedos caiu de 52% no ano passado para 49%. A redução, segundo a Anefac, pode ser atribuída à mudança de hábitos de consumo das crianças, que aumentam a preferência por eletrônicos.
COMO USAR
“Pague dívidas mais caras”
Use o 13º preferencialmente no pagamento de dívidas, principalmente as que embutem juros maiores, como o cartão de crédito rotativo e o cheque especial, cuja taxa média ao mês atinge 13,59% (361,40% ao ano) e 10,24% (222,16% a.a), respectivamente. Se sobrar, aproveite para regularizar outras dívidas;
Quitadas as dívidas, lembre-se de tentar reservar dinheiro para as despesas de começo do ano (IPTU, IPVA e despesas escolares (livros, uniformes e matriculas) além das compras de natal (cheques pré-datados e cartão de crédito) para evitar entrar novamente no vermelho no começo do próximo ano;
Não tendo dívidas ou se sobrar após sua regularização, aplique em um fundo de renda fixa ou na caderneta de poupança;
Se for fazer um financiamento, pesquise sempre as taxas de juros e demais acréscimos na medida em que existem enormes variações nas condições dos financiamentos;
Evite comprometer demasiadamente seu orçamento com dívidas, evite empréstimos de longo prazo, que além de representarem custos maiores, comprometem sua renda por longo período;
Se possível, adie compras a crédito para juntar o dinheiro e comprar à vista, evitando os juros. Se não for possível, barganhe os menores prazos possíveis.
Fonte: O Dia

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