Juros altos, aumento do desemprego e do número de inadimplentes.
Neste cenário, segundo levantamento do Serasa Experian, cerca de 59
milhões de brasileiros não estão conseguindo honrar seus compromissos
financeiros. Na Bahia, o número de dívidas em atraso cresceu 9,21% em
janeiro, se comparado com o mesmo mês de 2015. Diante de uma realidade
tão apertada, guardar dinheiro para investir parece distante, para não
dizer quase impossível.
Segundo Antônio Carvalho, professor
de Finanças e Economia da Unijorge, o primeiro passo é aceitar que o
problema existe. “É preciso reconhecer que se está endividado e buscar a
reorganização do orçamento”, ensina. Para isso, a pessoa deve fazer um
raio-x de todos os gastos, começando a anotar todas as despesas durante
um mês.
Colocar no papel é de extrema importância, porque o
endividamento acontece muito porque não temos um registro dos gastos. “A
gente tenta fazer um registro mental do que consome. Na maioria das
vezes, só lembramos dos gastos grandes, quando na verdade são as
pequenas despesas que geralmente fazem com que você perca o controle”,
afirma o especialista em Finanças, Rafael Seabra.
Mentalidade
Apesar de ser organizado profissionalmente, a vida financeira do contador George Wander era um caos. “Eu não tinha a mentalidade de que estava endividado. Gastava tudo o que ganhava e ainda usava o cheque especial ou cartão de crédito para pagar as coisas que não conseguia. Nessa época, chegava a pegar outros empréstimos para cobrir os juros do cartão, por exemplo”, lembra o contador.
Apesar de ser organizado profissionalmente, a vida financeira do contador George Wander era um caos. “Eu não tinha a mentalidade de que estava endividado. Gastava tudo o que ganhava e ainda usava o cheque especial ou cartão de crédito para pagar as coisas que não conseguia. Nessa época, chegava a pegar outros empréstimos para cobrir os juros do cartão, por exemplo”, lembra o contador.
A experiência de morar em outro país fez
Wander enxergar que não era normal viver naquela situação. Para
transformar sua vida financeira, ele realizou mudanças pequenas e
graduais. “Comecei a calcular todas as minhas despesas mensais e
multiplicar por 12 para saber o impacto anual. Se a minha tarifa
bancária, por exemplo, custava R$ 18 por mês, eu avaliava o valor total
no ano e tentava renegociar por R$ 5 ou R$ 6”.
George,
que chegou a ter uma dívida que era cinco vezes maior do que sua renda,
foi analisando cada dívida separadamente. “Foi uma mudança de
comportamento. Sempre que eu ia comprar algo, me perguntava se eu
precisava daquilo, e mesmo que a resposta fosse sim, me perguntava
novamente se tinha a condição de pagar”.
Quando viu a conta ficar no azul, o contador começou a investir em um fundo de ações, e foi aumentando e diversificando suas aplicações. “Quando eu vi que passei de um extremo para o outro, resolvi me tornar um educador financeiro para passar minha experiência para os outros. O endividamento é uma situação recuperável sim, e eu sou a prova disso”.
Quando viu a conta ficar no azul, o contador começou a investir em um fundo de ações, e foi aumentando e diversificando suas aplicações. “Quando eu vi que passei de um extremo para o outro, resolvi me tornar um educador financeiro para passar minha experiência para os outros. O endividamento é uma situação recuperável sim, e eu sou a prova disso”.
Sua história
é contada no livro “As Histórias de Como Aprendi a Lidar com Dinheiro",
lançado na última semana, no qual ele discute temas como
superendividamento, maus hábitos de consumo e prosperidade financeira.
Saindo do vermelho
Como Wander fez, depois de tomar conhecimento total da dívida, é preciso eleger prioridades e cortar gastos, evitando consumos supérfluos. Uma dica de Rafael Seabra é deixar o cartão de crédito em casa ou até se desfazer dele, para não correr o risco de criar novas dívidas. “A partir daí, é precisó reorganizar o passivo, identificando inicialmente as dívidas mais caras, ou seja, aquelas que tem maior taxa de juros”. Através da renegociação, é possível reduzir o valor mensal do débito com o aumento do prazo, ou até obter desconto nos juros.
Como Wander fez, depois de tomar conhecimento total da dívida, é preciso eleger prioridades e cortar gastos, evitando consumos supérfluos. Uma dica de Rafael Seabra é deixar o cartão de crédito em casa ou até se desfazer dele, para não correr o risco de criar novas dívidas. “A partir daí, é precisó reorganizar o passivo, identificando inicialmente as dívidas mais caras, ou seja, aquelas que tem maior taxa de juros”. Através da renegociação, é possível reduzir o valor mensal do débito com o aumento do prazo, ou até obter desconto nos juros.
“O
cliente deve buscar renegociar os débitos diretamente com o credor ou
por meio de órgãos como o Procon, Defensoria Pública e Juizado de Defesa
e Apoio ao Consumidor”, ensina o professor Antônio Carvalho. A
consolidação das dívidas é outro caminho para começar a sair do
vermelho. “Após negociar o saldo devedor, pode-se buscar um único
empréstimo que tenha uma taxa de juros mais baixa do que a média. Assim,
a pessoa consegue quitar as demais dívidas e ficar apenas com uma
parcela que cabe no bolso, mantendo-se vigilante para não contrair novas
dívidas”, aponta Seabra. Dessa forma, passa-se de inadimplente para uma
pessoa que tem controle sobre as dívidas que tem.
Próximo passo
O próximo passo é aproveitar o restante da receita, mesmo sendo um valor pequeno, para abater do saldo devedor ou começar um investimento. “Aplicar qualquer quantia faz com que a pessoa adquira bons hábitos financeiros. Para quem quer começar a investir, títulos do Tesouro Direto são uma ótima opção: são seguros, rendem mais do que a poupança e é possível começar com apenas R$ 30”, afirma Rafael Seabra.
O próximo passo é aproveitar o restante da receita, mesmo sendo um valor pequeno, para abater do saldo devedor ou começar um investimento. “Aplicar qualquer quantia faz com que a pessoa adquira bons hábitos financeiros. Para quem quer começar a investir, títulos do Tesouro Direto são uma ótima opção: são seguros, rendem mais do que a poupança e é possível começar com apenas R$ 30”, afirma Rafael Seabra.
Para
investir, é preciso ter CPF, conta corrente e ser vinculado a alguma
instituição financeira (banco ou corretora). Segundo Seabra, algumas
corretoras cobram uma manutenção mínima, de 0,3% ao ano. “Atualmente, a
rentabilidade dos títulos varia entre 14% e 17% ao ano”, declara.
O
site do Tesouro Nacional reúne informações para quem quer investir.
Também está disponível no portal um guia sobre que tipo de título é
ideal para cada perfil de investidor, a depender do objetivo e do prazo
de rendimento.
Consumidores não sabem o que é estar endividado
Mesmo parecendo óbvio, a maioria dos brasileiros não sabe ao certo o que é estar endividado. Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que 79% dos entrevistados têm uma noção errada sobre o que é estar endividado.
Mesmo parecendo óbvio, a maioria dos brasileiros não sabe ao certo o que é estar endividado. Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que 79% dos entrevistados têm uma noção errada sobre o que é estar endividado.
Para 46,7% dos consumidores
entrevistados, estar endividado significa ter contas atrasadas. Outros
30,6% acreditam que é ter o nome registrado em entidades de proteção ao
crédito. Apenas 20,2% dos consumidores entende o significado real do
termo: uma pessoa endividada é aquela que possui parcelas a vencer de
compras ou empréstimos.
“O risco de desconsiderar as
compras parceladas como parte do endividamento é justamente exagerar no
consumo de longo prazo, fazendo uma série de dívidas que em pouco tempo
podem levar o consumidor ao desastre nas finanças pessoais e à
consequente inadimplência”, explica a economista-chefe do SPC Brasil,
Marcela Kawauti.
Fonte: Correio
Nenhum comentário:
Postar um comentário