Quando
os filhos têm como hábito roer as unhas, a reação automática de muitos
pais é brigar com eles: “tira a mão da boca”, “para de fazer isso”, “que
coisa feia”. Só que ralhar com a criança, neste caso, pode até agravar o
problema. Isso porque, por trás desse comportamento pode estar algo
muito maior: a ansiedade. “Roer unhas é um hábito intimamente relacionado ao bem-estar psicológico das crianças”, explica a dermatologista pediátrica Flávia Naranjo Ravelli, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Em
entrevista à CRESCER, a especialista conta que recebe muitas crianças
que roem unha em seu consultório, a maioria entre 6 e 10 anos, e diz ter
a impressão de que o número de casos vem crescendo nos últimos anos.
“Parece que aumentou proporcionalmente ao grau de ansiedade que as
crianças sentem”, comenta.
Por isso, usar esmaltes de
gosto ruim ou só brigar para que a criança tire a mão da boca não
funciona. “É a mesma coisa que jogar a sujeira para baixo do tapete. É
preciso tratar a causa do problema”, recomenda Flávia. Por essa razão,
além da consulta com o dermatologista, às vezes, é necessário que a
criança receba também o acompanhamento de um terapeuta, que a ajude a
identificar qual é a causa de sua angústia.
Quais são os perigos de roer unhas?
Muitas
crianças chegam ao consultório de Flávia já com irregularidades nas
unhas, como ondulações e fissuras, consequências do mau hábito de
roê-las. “Na maioria dos casos é transitório, mas, se a criança roer no
mesmo lugar repetidamente, os danos podem se tornar permanentes”,
explica a dermatologista. Isso porque, se o ferimento atingir a matriz,
que é justamente o lugar em que as unhas se formam, e danificá-la, a
unha pode começar a nascer torta para sempre.
Outro ponto é que a
boca é um ambiente cheio de bactérias. E conforme a criança rói a unha,
causa feridas, que são porta de entrada para bactérias, vírus e fungos.
"Isso pode não apenas causar uma micose, mas também uma infecção mais
séria." Se isso acontecer, pode ser necessário até mesmo o uso de
antibióticos, seja tópico (aplicado diretamente na pele) ou via oral.
Por isso, se o ferimento estiver estiver vermelho, quente, doloroso ou
sair algum tipo de secreção, lave com sabonete antisséptico, passe água
oxigenada e procure imediatamente um médico.
O que você pode fazer para ajudar seu filho
Crianças
que roem unhas tendem a se tornar adultos que roem unhas. E,
socialmente, o hábito não é nada bem visto. Por isso, quanto mais cedo
seu filho superar este hábito, melhor! Veja o que você pode fazer para
ajudá-lo:
- mantenha as unhas da criança sempre curtas e bem
lixadas. Não se esqueça de aparar constantemente as peles que ficam
levantadas com um alicate;
- nunca use pimenta, nem nada que arda
nas mãos da criança. O objetivo não é punir, apenas alertar que aquele
gesto não deve ser repetido.
- outra tática que pode funcionar é colocar um micropore na ponta dos dedos;
-
crie na criança o gosto por cuidar das unhas, levando-a, por exemplo, à
manicure (mas com seu próprio kit de alicates). A partir dos 5 anos,
você já pode aparar o excesso de cutícula, mas sem tirá-la por inteiro,
cortando só as pontinhas que ficam levantadas e que o seu filho tiraria
com os dentes.
Fonte: Crescer
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