O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem (4) que as
mudanças feitas no projeto de reforma da Previdência, aprovadas ontem
pela comissão especial da Câmara, estão dentro do esperado e previsto
pelo governo. Ele disse, porém, que se houver mais mudanças, o governo
espera que “não sejam substanciais”.
“Vivemos em uma democracia, e
o Congresso tem a prerrogativa para alterar. Nossa expectativa, no
entanto, é de que, uma vez aprovado o relatório na comissão, as mudanças
posteriores não sejam substanciais”, afirmou. Os destaques no texto
principal ainda serão votados, antes que o projeto siga para o plenário.
“A
reforma da Previdência é fundamental. O projeto, como está, assegura
isso, e não pode ser fundamentalmente alterado daqui para frente, algo
que modifique muito esse percentual”, disse Meirelles.
Segundo o
ministro, os cálculos do governo foram planejados para um período de 10
anos e levam em conta a economia que seria gerada no orçamento, com a
proposta original de reforma da Previdência que foi apresentada ao
Congresso. Com as mudanças que foram propostas na Câmara ao projeto
original, essa economia cairia para 75%, mas ainda dentro do esperado
pelo governo.
“O efeito acumulado durante 10 anos mostra que o
projeto, como está hoje, definido pelo relatório que está sendo votado
na Câmara e nas próximas semanas no Senado, assegura cerca de 75% das
economias fiscais que estavam previstas no projeto original. Pode chegar
a 76%, dependendo de algumas pequenas mudanças que estão sendo
discutidas na Comissão Especial da Previdência neste momento.”
Em
entrevista após palestra em evento sobre infraestrutura na América
Latina e no Caribe, promovido pelo Banco Mundial, na capital paulista,
Meirelles desconsiderou que a reforma da Previdência, como alguns
economistas têm dito, terá que ser revista em pouco tempo.
“Minha
avaliação, neste momento, quando disse que 75% dentro das nossas
expectativas, significa que o projeto mantém ainda a parte relevante das
medidas que propusemos. Isso significa que é um projeto que pode
assegurar sua manutenção no Brasil e o efeito fiscal por vários anos.”
O ministro disse ainda que a economia brasileira já está crescendo.
“No
primeiro trimestre, o Brasil já dá indicações ao governo em uma taxa
bastante relevante. Já esperamos cerca de 0,7% ou 0,8% de crescimento da
economia no primeiro trimestre. E esperamos crescimento da economia,
considerando-se o final do ano de 2017 sobre início do ano de cerca de
2,7% e entrarmos em 2018 crescendo em ritmo de 3% ao ano.”
Infraestrutura
Em
sua palestra, o ministro da Fazenda disse que o governo não tem
condições de fazer mais investimentos em infraestrutura por causa das
despesas primárias, como os benefícios da Previdência. Essas despesas
significaram 19,8% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado. Com
isso, segundo o ministro, os investimentos do governo com infraestrutura
representaram apenas 1% do PIB.
O estudo do Banco Mundial mostra
que, na América Latina, o investimento em infraestrutura ficou em 2,8%
no período de 2014 a 2016, a segunda pior região do mundo, atrás apenas
da África Subsaariana (1,9%).
Para o ministro, aumentar o
investimento em infraestrutura no país, principalmente com investimento
privado, será necessário fortalecer as agências reguladoras e os
leilões, dar mais transparência e depender menos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).
O vice-presidente
para a América Latina e Caribe do Banco Mundial, Jorge Familiar, disse
que a retomada da economia na região deve favorecer a retomada dos
investimentos em infraestrutura, tais como em mobilidade e saneamento.
“Estamos
seguros de que o crescimento econômico retornará ao Brasil e à região
[América Latina e o Caribe]. A melhora da infraestrutura nos países da
região e entre os países é essencial para impulsionar o crescimento”,
afirmou.
Emprego
O ministro da Fazenda
disse ainda que o emprego deverá voltar a crescer no país no segundo
semestre de 2017. Segundo Meirelles, a melhora da economia será sentida
antes disso pelo setor da indústria, que aumentará as vendas e voltará a
contratar.
“O emprego demora um pouco mais, acontece
historicamente em qualquer lugar do mundo. As empresas começam a
recuperar, começam a vender mais, começar a usar mais intensamente a
força de trabalho, e depois, no devido tempo começam a contratar”, disse
Meirelles, no início da noite, após se reunir com empresários da
Associação Paulista de Supermercados (Apas), e visitar a feira do setor,
que ocorre na capital paulista.
“É um ritmo normal de atividade
econômica. O país precisa crescer para que possa diminuir o desemprego,
isso já está acontecendo. Este ano, no segundo semestre, esperamos já
ter um crescimento do emprego, e a indústria vai sentir antes. A
atividade industrial começa a reagir já antes disso”, afirmou.
Fonte: Agência Brasil
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