Estudo feito pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria
com o Instituto Pasteur, da França, mostrou que o Brasil corre o risco
de uma reintrodução do vírus da febre amarela no ambiente urbano. A
pesquisa envolveu 11 populações de mosquitos transmissores da doença no
Brasil (Aedes aegypti, Aedes albopictus, Haemagogus leocucelaenus e Sabethes albipirvus) e uma do Congo, na África, local de origem do vírus. O trabalho foi publicado na revista internacional Scientific Reports e contou também com a colaboração do Instituto Evandro Chagas, do Pará.
Três regiões que são cenário epidêmico e epizoótico (em que a infecção ocorre ao mesmo tempo em vários animais de uma mesma área geográfica, semelhante a uma epidemia em humanos) da febre amarela silvestre foram pesquisadas: Rio de Janeiro, Goiânia e Manaus. Segundo a entomologista Dinair Couto Lima, pesquisadora do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários da Fiocruz, o Rio de Janeiro é o que apresenta o maior potencial de disseminação do vírus em área urbana. Em Goiânia e Manaus as populações de mosquitos também foram suscetíveis à transmissão da doença, mas em menor grau.
Três regiões que são cenário epidêmico e epizoótico (em que a infecção ocorre ao mesmo tempo em vários animais de uma mesma área geográfica, semelhante a uma epidemia em humanos) da febre amarela silvestre foram pesquisadas: Rio de Janeiro, Goiânia e Manaus. Segundo a entomologista Dinair Couto Lima, pesquisadora do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários da Fiocruz, o Rio de Janeiro é o que apresenta o maior potencial de disseminação do vírus em área urbana. Em Goiânia e Manaus as populações de mosquitos também foram suscetíveis à transmissão da doença, mas em menor grau.
Os pesquisadores
infectaram os mosquitos com três cepas do vírus, sendo duas que circulam
atualmente no Brasil e uma na África. “As populações que hoje existem
no Brasil de Aedes aegypti são competentes para a transmissão
do vírus que circula atualmente nas áreas silvestres e, com isso, há uma
probabilidade de ter uma reintrodução do vírus no ambiente urbano”,
aponta o estudo.
Risco
Dinair, que é a primeira autora do artigo, explicou que isso é
possível porque as pessoas se infectam no ambiente silvestre e, ao
retornarem à cidade, são picadas pelo Aedes aegypti, que é o
principal vetor de febre amarela urbana. Com isso, inicia-se um ciclo
urbano. A pesquisadora deixou claro, contudo, que até agora esse cenário
não foi identificado.
O risco de reurbanização da doença é real,
mas segundo Dinair não há motivo para pânico na população. Para impedir
que a febre amarela, até então silvestre, possa voltar a circular nas
cidades, devem ser tomadas medidas preventivas, com destaque para a
vacinação, principalmente de crianças. Outra medida importante é a
eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti. “Essas são
as duas possibilidades que temos a fazer no controle de uma emergência
de febre amarela urbana”, disse a entomologista.
Dinair lembrou
que a vacinação deve ser exigida pelas autoridades também de pessoas que
vêm para o Brasil oriundas de áreas endêmicas, como a África. Essa é
uma regra internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS). "A vacina
é a única barreira que tem [contra a circulação do vírus]”, insistiu.
Dentre os flavivírus que circulam hoje no Brasil, entre eles Dengue,
Chikungunya e Zika, a febre amarela é o única para o qual existe vacina.
Ciclo
Segundo
a pesquisadora, o ciclo de vida do vírus da febre amarela ocorre só
entre mosquitos e macacos. O homem se infecta acidentalmente ao entrar
na mata em que o vírus está circulando. Se estiver sem vacina, é
infectado. No seu retorno à cidade, diante da população de Aedes aegypti competente para transmitir o vírus, há a possibilidade de ocorrer a reurbanização da febre amarela, reforçou Dinair.
A
entomologista lembrou que a febre amarela é uma doença cíclica, que tem
o período mais crítico no verão, diminuindo sua incidência no inverno.
Prova disso, segundo ela, é que o número de casos de febre amarela
silvestre diminuindo. O momento atual é ideal para a população e o Poder
Público trabalhem para eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti.
Fonte: Agência Brasil
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