Pesquisa nacional do SPC Brasil mostra que a maioria dos
brasileiros têm entre um e quatro plásticos no bolso.Depois dos bancos,
as administradoras de cartão são hoje a principal fonte de financiamento
do consumo no mercado interno.
Mais da metade
dos brasileiros (54%) estão com a renda comprometida com compras
parceladas no cartão de crédito. E o cartão tem praticamente a mesma
presença em número de plásticos tanto no bolso dos mais ricos como no
dos mais pobres. Depois dos bancos, as administradoras de cartão são
hoje a principal fonte de financiamento do consumo no mercado interno.
Essas
são as principais conclusões de uma pesquisa inédita feita pelo Serviço
de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) no fim do mês passado. Foram
entrevistadas cerca de 600 pessoas em todo o País para descobrir o
perfil dos tomadores de empréstimos.
A pesquisa
revela, por exemplo, que 64% dos consumidores com renda familiar de até
R$ 3.835 têm entre um e quatro cartões de crédito. Essa fatia é um pouco
maior, sobe para 77%, entre os consumidores mais abastados, com renda
familiar acima de R$ 3.835.
"O número de cartões
disponíveis para as famílias gastarem independe da renda. Isso se
reflete na inadimplência maior entre os mais pobres", afirma o
economista do SPC Brasil, Nelson Barrizzelli. Ela observa que essa
facilidade de obter crédito fez acender uma "luz amarela" no cenário da
inadimplência, que deve demorar para cair, apesar do recuo nas taxas de
juros. "Não se trata de uma situação de risco", pondera o economista.
Mas, segundo ele, o cenário requer mais atenção por parte do consumidor
e, principalmente, pelas instituições financeiras que concedem os
empréstimos.
De acordo com a pesquisa, 41% dos
consumidores já estiveram nos últimos meses ou estão hoje inadimplentes.
Nas famílias com renda mensal de até R$ 3.825 reais essa fatia sobe
para 44%. Nas famílias que têm rendimentos acima dessa cifra, o
indicador é de 32%.
Descontrole. O principal
motivo do atraso no pagamento de dívidas é a má administração das
finanças. Esse fator foi apontado por 41% dos inadimplentes, seguido
pelo desemprego, com 11%. Barrizzelli destaca que isso mostra a
necessidade de realizar programas de educação financeira, especialmente
entre as camadas de menor renda que não levam em conta o peso dos juros
cobrados nas compras a prazo.
Segundo a enquete,
40% das famílias com renda mensal de até R$ 3.835 manifestam
despreocupação em se informar sobre as taxas de juros cobradas. Esse
indicador cai para 19% no caso das famílias com rendimentos mensais
superiores a R$ 3.835.
"Esses resultados mostram o
risco de inadimplência que as famílias de menor renda estão correndo,
caso apareça algum obstáculo durante o período que estão pagando o
financiamento."
A enquete mostra que para 69% dos
entrevistados hoje está mais fácil obter crédito do 12 meses atrás,
apesar da elevação dos índices de inadimplência. E para os próximos seis
meses o principal meio de financiamento escolhido por 42% dos
entrevistados é o uso do cartão parcelado.
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