segunda-feira, 1 de outubro de 2012

54% dos consumidores devem para os cartões

Pesquisa nacional do SPC Brasil mostra que a maioria dos brasileiros têm entre um e quatro plásticos no bolso.Depois dos bancos, as administradoras de cartão são hoje a principal fonte de financiamento do consumo no mercado interno.
Mais da metade dos brasileiros (54%) estão com a renda comprometida com compras parceladas no cartão de crédito. E o cartão tem praticamente a mesma presença em número de plásticos tanto no bolso dos mais ricos como no dos mais pobres. Depois dos bancos, as administradoras de cartão são hoje a principal fonte de financiamento do consumo no mercado interno.
Essas são as principais conclusões de uma pesquisa inédita feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) no fim do mês passado. Foram entrevistadas cerca de 600 pessoas em todo o País para descobrir o perfil dos tomadores de empréstimos.
A pesquisa revela, por exemplo, que 64% dos consumidores com renda familiar de até R$ 3.835 têm entre um e quatro cartões de crédito. Essa fatia é um pouco maior, sobe para 77%, entre os consumidores mais abastados, com renda familiar acima de R$ 3.835.
"O número de cartões disponíveis para as famílias gastarem independe da renda. Isso se reflete na inadimplência maior entre os mais pobres", afirma o economista do SPC Brasil, Nelson Barrizzelli. Ela observa que essa facilidade de obter crédito fez acender uma "luz amarela" no cenário da inadimplência, que deve demorar para cair, apesar do recuo nas taxas de juros. "Não se trata de uma situação de risco", pondera o economista. Mas, segundo ele, o cenário requer mais atenção por parte do consumidor e, principalmente, pelas instituições financeiras que concedem os empréstimos.
De acordo com a pesquisa, 41% dos consumidores já estiveram nos últimos meses ou estão hoje inadimplentes. Nas famílias com renda mensal de até R$ 3.825 reais essa fatia sobe para 44%. Nas famílias que têm rendimentos acima dessa cifra, o indicador é de 32%.
Descontrole. O principal motivo do atraso no pagamento de dívidas é a má administração das finanças. Esse fator foi apontado por 41% dos inadimplentes, seguido pelo desemprego, com 11%. Barrizzelli destaca que isso mostra a necessidade de realizar programas de educação financeira, especialmente entre as camadas de menor renda que não levam em conta o peso dos juros cobrados nas compras a prazo.
Segundo a enquete, 40% das famílias com renda mensal de até R$ 3.835 manifestam despreocupação em se informar sobre as taxas de juros cobradas. Esse indicador cai para 19% no caso das famílias com rendimentos mensais superiores a R$ 3.835.
"Esses resultados mostram o risco de inadimplência que as famílias de menor renda estão correndo, caso apareça algum obstáculo durante o período que estão pagando o financiamento."
A enquete mostra que para 69% dos entrevistados hoje está mais fácil obter crédito do 12 meses atrás, apesar da elevação dos índices de inadimplência. E para os próximos seis meses o principal meio de financiamento escolhido por 42% dos entrevistados é o uso do cartão parcelado.

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