quarta-feira, 14 de maio de 2014

Seguro de celular avança, mas custo pode chegar a 50% do valor do aparelho


Um brasileiro tem, em média, mais do que o dobro de chances de ter o smartphone roubado ou furtado na rua do que em qualquer outro país. Uma pesquisa feita pela empresa F-Secure mostrou que 25% dos brasileiros disseram ter tido o aparelho roubado nos últimos 12 meses, enquanto a média mundial é de 11%. Entre 15 países pesquisados, o porcentual do Brasil só é menor que o da Índia. Por isso, não é de surpreender que os consumidores do País estejam dispostos a gastar dinheiro para proteger o bem.

A oferta de seguros de smartphones e outros aparelhos eletrônicos - como tablets e laptops - cresceu muito ao longo do último ano, e novas opções continuam a chegar no mercado. A TIM, por exemplo, somente no primeiro trimestre de 2014, registrou um aumento de 20% na procura pelo serviço, comercializando 21 mil apólices. No Rio de Janeiro, a expansão foi ainda maior, de 30%.
Entre as operadoras, somente a Claro não tem uma operação de seguros que cubra os aparelhos mais caros do mercado, como iPhone e Samsung Galaxy. A Oi informou que está começando um projeto piloto, com a venda em 20 lojas do Rio e de São Paulo. Oi e TIM escolheram a mesma seguradora para oferecer o serviço, a americana Assurant. A parceria da Vivo, que oferece o produto desde 2008, é com a Zurich.
O varejo também percebeu o potencial da venda de seguros. A Fnac e a Saraiva, que têm espaços dedicados à venda de produtos Apple em seus pontos de venda, também já fizeram parcerias - a primeira com a Tokio Marine e a segunda, com a Mapfre. Os produtos da Apple, que estão entre os mais caros do mercado - um iPhone 5S pode custar mais de R$ 3 mil, dependendo da configuração - estão no topo da lista dos produtos mais furtados no País.

As varejistas têm vantagem na oferta do seguro, pois podem ser mais agressivas no "corpo a corpo" de venda, de acordo com Maurício Romão, diretor de serviços digitais da Telefônica Vivo. Já as operadoras têm de tomar o cuidado para não irritar o cliente. "Nossa venda é muito cuidadosa, pois estamos conscientes de que esse não é o ponto central do nosso negócio", diz.
Ainda assim, o executivo da Vivo diz que a procura pelo serviço tem aumentado bastante. Hoje, segundo ele, cerca de 20% a 25% dos clientes que adquirem um aparelho compram também algum tipo de seguro.
Caso o consumidor não tenha optado pelo seguro na hora da compra do aparelho, há opções na internet caso ele mude de ideia. A Porto Seguro oferece uma ferramenta para cálculo de valores em seu site. A Assurant é uma das sócias do BemMaisSeguro.com, que tem a proteção a aparelhos eletrônicos como seu carro-chefe. A Assurant já havia patrocinado sites semelhantes nos Estados Unidos e no Reino Unido e escolheu estender a iniciativa para o Brasil, mas fez algumas adaptações.
Ao contrário do que ocorre lá fora, em que os seguros são voltados à quebra acidental, no Brasil o produto se concentra mais no roubo ou furto qualificado. Além do forte interesse do consumidor, o diretor-geral da BemMaisSeguro.com, Marcello Ursini, diz que a empreitada foi motivada pelo fato de só uma pequena parcela dos mais de 200 milhões de aparelhos do País ter seguro.
Valores. Em comparação ao valor do bem, no entanto, os seguros de celular são bem mais caros do que uma apólice para casa ou carro. O problema, segundo as empresas, é a alta possibilidade de que o consumidor venha a fazer uso do seguro. Hoje, para um celular de cerca de R$ 2,6 mil, um seguro completo - que cubra furto qualificado, roubo e qualquer tipo de avaria - pode custar até R$ 628 ao ano. Isso se nada ocorrer.
Caso o aparelho venha a ser furtado ou quebrado e o cliente precisar solicitar a troca, o mercado cobra uma franquia que varia de 20% a 25% do aparelho. No caso do celular de R$ 2,6 mil, o desembolso poderia chegar a mais R$ 650. Somado ao valor do seguro, a conta vai a R$ 1.328 - 52% do valor do smartphone. Vale lembrar que, à medida que o tempo passa e novas versões do mesmo produto são lançadas, o preço no varejo tende a cair.

Qualificado. As seguradoras esclarecem aos clientes que apenas o furto qualificado está coberto pelo seguro. Ou seja: a pessoa precisa ter sido abordada por alguém ou tido o cadeado da mochila arrombado para ter direito ao reembolso. Furtos simples, como alguém pegar o celular de cima de uma mesa, não estão incluídos. Romão, da Telefônica Vivo, diz que incluir este tipo de cobertura abriria muito espaço para fraudes.
O problema, no entanto, é que nem sempre o conceito de furto qualificado tem sido bem explicado para o cliente. Para o diretor executivo do Procon-SP, Paulo Arthur Góes, o consumidor não tem a obrigação de dominar termos jurídicos. Caso se sinta lesado ao ser informado que ficou sem o celular e não tem direito à cobertura, Góes diz que o cliente pode pedir a rescisão do contrato e receber tudo o que pagou de volta. Caso não consiga resolver o caso diretamente com a empresa, a orientação é procurar o Procon.
Para o consultor em educação financeira André Massaro, professor do Instituto Educacional BM&FBovespa, o cliente deve pensar duas vezes em relação ao seguro de smartphone. "Tenho a visão de que seguro serve para bens que são difíceis de repor no curto prazo por causa de seu valor, como um carro ou uma casa."
Fonte: Procon SP

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