A prevenção ao tabaco, a bebidas alcoólicas e ao papilomavírus (HPV)
faz parte do alerta do julho verde, mês em que são reforçadas as
campanhas contra o câncer de cabeça e pescoço. O Instituto Nacional do
Câncer (Inca) estima que mais de 10 mil pessoas tenham morrido de câncer
de laringe e cavidade bucal em 2015, de acordo com o levantamento mais
recente.
Os tumores do câncer de cabeça e pescoço manifestam-se
em lesões na boca, na faringe, na laringe e na tireoide. Não são
classificados nessa modalidade de câncer os tumores no cérebro e nos
olhos. Segundo Luiz Paulo Kowalski, diretor do Departamento de Cirurgia
de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital A.C. Camargo, a
automedicação e a falta de diagnóstico correto fazem com que de 70% a
80% dos pacientes cheguem ao médico com a doença em estado avançado.
Os
sintomas do câncer incluem lesões brancas ou vermelhas, feridas,
caroços, incômodo para engolir, rouquidão, dor e desconforto, com
duração maior que duas semanas. “São sintomas que se confundem com
doenças comuns. No caso da doença comum, em duas semanas os sintomas
desaparecem, com ou sem tratamento. O câncer vai se tornando cada vez
pior, os sintomas só se agravam. Aí deve despertar a atenção, 15 dias é o
ponto chave”, esclarece o médico.
No caso de doença avançada, os
sintomas são dor, sangramento, perda de dentes e perda de peso. O
diagnóstico precoce traz mais chances de cura ao paciente. Há 20 anos, a
taxa média de cura era 50%. Atualmente, com o aumento do diagnóstico
precoce e os tratamentos mais modernos, o índice subiu para 65% a 70%.
Os tumores de tireoides têm ainda mais sucesso, com taxa de cura
superior a 90%.
A taxa de incidência apurada no país este ano
pelo Inca mostra que homens são os mais afetados por esse tipo de
câncer. Para o câncer de laringe, foram 6.360 novos casos de homens e
990 casos em mulheres. O câncer da cavidade oral afetou 11.140 pacientes
masculinos e 4.350 mulheres.
Prevenção
Evitar
os principais fatores de risco, como o cigarro, são a mais importante
forma de prevenção. Segundo o médico, os diversos componentes químicos
da combustão do tabaco, com forte potencial cancerígeno, afetam a boca, a
garganta e a laringe. “As pessoas que fumam um maço por dia, por 20
anos, têm risco de cinco a dez vezes maior que a pessoa que nunca fumou.
Se beber, aumenta de 60 a 80 vezes esse risco”, adverte.
A
ingestão de bebidas alcoólicas é outro fator prejudicial. “O álcool é um
solvente que facilita a penetração dos agentes cancerígenos na mucosa. O
indivíduo que bebe muito, se alimenta mal e não tem cuidado com higiene
oral, aumenta a proliferação de bactérias, que podem produzir infecções
crônicas”, explica.
O terceiro fator de risco é o HPV, que pode
ser transmitido para a boca por meio de sexo oral ou até pelo beijo. A
incidência do HPV alterou o perfil do paciente, que antes era, em sua
maioria, pessoas entre 55 e 60 anos. Com o vírus, a faixa etária
diminuiu para 30 a 40 anos, predominante até entre pessoas que não fumam
ou bebem. Segundo o médico, outras questões como dieta pobre em frutas e
verduras também aumentam os riscos.
Tratamento
A
cirurgia ou a radioterapia podem ser o tratamento nos estágios
iniciais. Com o avanço do câncer, a quimioterapia ou a combinação das
terapias também passam a ser indicadas. Kowalski destaca que a cirurgia,
nos tempos atuais, deixaram de ter caráter mutilador. “Temos mídia
assistida, laser, robótica e técnicas mais refinadas de
reconstrução. Hoje, conseguimos retirar os tumores sem deixar sequelas
significativas para o paciente, o sucesso do tratamento melhorou muito”,
destaca.
Fonte: EBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário