
A
LDO define os parâmetros e as metas fiscais para a elaboração do
Orçamento do ano seguinte. Por determinação da Lei de Responsabilidade
Fiscal, contém um anexo com os riscos para as contas públicas no curto e
no longo prazo. De acordo com esse relatório, cada R$ 1 de aumento no
salário mínimo tem impacto de R$ 301,6 milhões nos benefícios
previdenciários, sociais e trabalhistas pagos pelo governo. Como o
salário mínimo subirá R$ 42, o impacto total será de quase R$ 13
bilhões.
A maior parte dos gastos extras virá da Previdência
Social, cujo déficit subirá em R$ 8,6 bilhões no próximo ano apenas por
causa do reajuste do salário mínimo. O impacto pode ser amenizado com
uma eventual recuperação da economia que aumente o emprego formal e
reduza o rombo nas contas da Previdência.
A segunda fonte de
impacto do novo salário mínimo será nos benefícios da Lei Orgânica de
Assistência Social (Loas), cuja despesa aumentará em R$ 2,2 bilhões em
2018. Em seguida vêm os benefícios trabalhistas – abono salarial e
seguro desemprego –, que terão alta de R$ 1,8 bilhão. Por fim, os gastos
com a renda mensal vitalícia – auxílio para pessoas incapacitadas que
parou de ser concedido nos anos 90, mas que ainda é pago a beneficiários
com direito adquirido – se elevarão em R$ 50,4 milhões.
Desde
2012, o salário mínimo é reajustado pela inflação do ano anterior pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede o custo de vida
das famílias mais pobres, mais o crescimento da economia de dois anos
anteriores. Por lei, a regra atual vai até 2019. Como o Produto Interno
Bruto (PIB – soma dos bens e serviços produzidos) caiu 3,6% no ano
passado, o salário mínimo de 2018 foi corrigido unicamente pela
inflação.
Perspectivas
Com uma meta de
déficit primário (resultado negativo sem os juros da dívida pública) de
R$ 129 bilhões para o próximo ano, o desafio para o governo alcançar o
resultado pretendido aumenta com o crescimento das despesas
obrigatórias, como as corrigidas pelo salário mínimo. De acordo com a
Instituição Fiscal Independente, órgão consultivo do Senado criado para
monitorar as contas públicas, o governo terá dificuldades para cumprir a meta se nenhuma reforma fiscal for aprovada e a economia continuar com baixo crescimento.
O
órgão do Senado projeta déficit primário (resultado negativo
desconsiderando os juros da dívida pública) de R$ 144,1 bilhões este
ano, de R$ 167 bilhões em 2018, de R$ 135,6 bilhões em 2019 e de R$
108,2 bilhões em 2020. As estimativas da LDO apontam uma meta de déficit
primário de R$ 139 bilhões para este ano, R$ 129 bilhões em 2018, R$ 65
bilhões em 2019 e um superávit primário de R$ 10 bilhões em 2020
Criada
em dezembro do ano passado por resolução do Senado Federal, a
Instituição Fiscal Independente produz relatórios, notas técnicas, banco
de dados e projeções econômicas que são levadas em conta pelos
parlamentares na análise de projetos de lei e de medidas do governo. O
órgão pode agir tanto por iniciativa própria como quanto por demandas
específicas de senadores.
Mesmo com a política atual de reajuste,
o salário mínimo continua abaixo do necessário. Segundo o Departamento
Intersindical de Estatística e de Estudos Socioeconômicos (Dieese), o
salário mínimo necessário deveria ter sido de R$ 3.727,19 em junho. A
entidade calcula o valor mês a mês, com base na determinação
constitucional de que o salário mínimo cubra as despesas de alimentação,
moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e
Previdência de um trabalhador e de sua família.
Fonte: Agência Brasil
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