O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM),
Roberto d'Ávila, defendeu hoje (11) que o governo passe a investir na
abertura de mais vagas em residência médica e não na ampliação de
escolas e cursos de medicina. “Há uma falsa polêmica entre quantidade e
qualidade. A preocupação, mais que o número, é a qualidade do ensino”,
avaliou.
Em junho deste ano, o Ministério da Educação anunciou o
Plano de Expansão da Educação em Saúde, voltado para regiões
consideradas prioritárias, que prevê o aumento em 10% do número de vagas
existentes em cursos de medicina.
Atualmente, o país conta com
uma média de 1,9 médico para cada mil habitantes. O governo defende que o
índice ideal seria 2,5. Durante coletiva de imprensa, o presidente do
CFM lembrou que algumas localidades como o Distrito Federal chegam a
registrar médias superiores a 6 médicos para cada mil habitantes, mas
não oferecem boa assistência à população.
“Há uma percepção
popular de que falta médico no país. Não é verdade. Faltam médicos no
serviço público, onde não há carreira, estímulos, progressão. Os médicos
trabalham em condições adversas, sem material”, disse. “Ninguém quer
trabalhar nessas condições em lugar nenhum no mundo”, completou.
Sobre
a abertura de instituições para o ensino da medicina, d'Ávila destacou
que a maioria das novas escolas não tem corpo docente ou estrutura para
aulas práticas, como cadáveres e hospitais. “É uma falácia e uma
irresponsabilidade. O que precisamos é de médicos bons e bem formados”,
avaliou.
Dados do CFM indicam que o Brasil conta com 197 escolas
médicas, algumas com dois ou três cursos distintos. Em todo o país há
208 cursos de medicina. Ainda segundo o conselho, nos Estados Unidos, há
137 escolas de medicina, mesmo com uma população superior à brasileira.
“Temos
médicos suficientes. Eles estão mal distribuídos, concentrados no Sul e
no Sudeste. A ideia de abrir escolas no interior não é de todo ruim,
mas tem que ter qualidade. Precisamos da abertura de vagas de residência
médica, que é o que prepara os especialistas. O que fixa o médico é a
residência. A escola não fixa”, destacou.
Atualmente, cerca de 14
mil médicos se formam todos os anos no Brasil, mas o país registra
apenas 7 mil vagas de residência médica.
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