Endividamento e processos judiciais, além dos hábitos de uso do veículo, passaram a ser considerados pelas seguradoras na hora de fazer da cotação e vender o produto
O esforço para tornar o seguro de carro um
produto rentável tem feito as seguradoras irem mais fundo na análise de
risco dos clientes e passarem a verificar, além do hábito do uso do
carro e o perfil do cliente, itens como dívidas, inadimplência e
processos judiciais.
“Um motorista de táxi com dívidas vai querer
trabalhar 10 horas em vez de 8 horas no dia e está mais exposto a
acidentes”, exemplifica o presidente da Porto Seguro, Fábio Luchetti.
“Agora pense em uma pessoa endividada que estava deixando o carro em uma
garagem e pagando por isso. Ele pode resolver deixar o carro na rua,
afinal ele possui seguro, e estará mais exposto a roubos e furtos”, diz.
No caso da seguradora, além de uma melhor avaliação de risco e de
possibilidades de fraude, está sendo necessária a redução de despesas e
investimento em tecnologia para trazer resultado operacional no segmento
de automóveis.
Na Chubb Seguros, empresa mais voltada para a alta
renda, por exemplo, a análise está levando em conta desde junho deste
ano o risco moral dos clientes, como a inadimplência e também os
processos judiciais. Esse procedimento já era adotado em outras linhas,
mas agora passou a ser considerado em automóveis também. “Uma vez feito
isso, é realizada uma precificação mais atrativa ao cliente, que já
chegou a 20% de desconto no seguro de carro”, diz o presidente Acácio
Queiroz. A seguradora faz cerca de 7 mil cotações por dia e, destas,
aceita cerca de 200.
Saiba mais: Quando o barato sai caro
Outra
novidade da seguradora, que deve ser lançada no próximo ano, é a
possibilidade de cotar a apólice de acordo com o grau de uso do veículo.
“Hoje um carro parado paga o mesmo seguro daquele que roda todo o dia.
Isso é justo?”, questiona o executivo. Pare ele, chips e rastreadores
podem analisar a frequência de uso do automóvel.
O esforço das
seguradoras para ter lucro com a operação de automóveis passa também por
reajuste de preços, o que as seguradoras não descartam para 2013. Neste
ano, a alta incidência de roubos e furtos no primeiro trimestre — que
subiu cerca de 30% frente ao mesmo período do ano passado —, além do
aumento de custos das oficinas, fez com que a apólice ficasse mais cara.
Antes,
as seguradoras conseguiam compensar isso com o resultado financeiro
(aplicação de reservas para fazer frente aos sinistros), o que se torna
cada vez mais difícil com a redução da taxa básica de juro.
Um
fator que dificulta o cenário para as seguradoras é a extinção do custo
da apólice a partir de janeiro, anunciado em outubro pela
Superintendência de Seguros Privados. Desta forma, fica vetado o valor
de R$ 60 separada do prêmio. O setor discute uma forma de lançar a
cobrança sem grandes efeitos no balanço. No caso da Porto Seguro, a
extinção gera uma baixa de R$ 110 milhões no balanço. “Estamos estudando
cenários e algo vai ter de ser ajustado em preço”, afirma Luchetti.
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