Você está endividado? Se não, certamente conhece alguém que está. O
crescimento da inadimplência entre os brasileiros tem preocupado, e
muito, economistas e o governo. Os dados mais recentes divulgados pelo
Banco Central mostraram que, em setembro, o número de pagamentos com
atraso de mais de 90 dias correspondeu a 7,9% do total dos empréstimos
contratados pelas pessoas físicas. Esse é o maior nível desde novembro
de 2009 (8%).
E a melhor forma de não fazer parte dessas estatísticas, certamente, é o
conhecimento. Tomar empréstimos, nos dias de hoje, é algo muito fácil: é
possível conseguir crédito em poucos minutos pela internet ou no
próprio caixa eletrônico. Mas antes de entrar nessa por impulso, é
fundamental entender muito bem o tipo de operação contratada e,
principalmente, os juros cobrados.
O economista e professor de Economia de Desenvolvimento da Unip, Alexandre Oliveira,
recomenda que, somadas, as parcelas mensais de todos os empréstimos
tomados somem no máximo 30% da remuneração mensal. "É comum as pessoas
não fazerem esse cálculo e, depois de alguns meses da contratação dos
empréstimos, observarem que comprometeram uma parcela significativa de
seus salários", explica.
Entenda como funcionam, os juros cobrados e suas
vantagens e desvantagens antes de optar por alguma delas.
1. Cartão de crédito - Parcelamento sem juros:
O que é?
Um meio de pagamento eletrônico que surgiu como alternativa
aos cheques pré-datados. Entram neste item apenas as compras que serão
quitadas integralmente no próximo vencimento da fatura e as parceladas
sem juros.
Vantagens: Dispensa o uso do dinheiro em papel e é mais seguro que os cheques.
Desvantagens: As lojas repassam os custos das administradoras de cartão nos preços à vista dos bens e serviços vendidos.
Taxa de juro mensal: 0% (reforçando que consideramos aqui apenas as faturas pagas em dia e as compras parceladas sem juros).
2. Crédito rotativo:
O que é?
Ligado aos cartões de crédito, é acionado nas compras
parceladas com juros ou quando se paga apenas o mínimo da fatura (15% do
total devido) na data de vencimento. O valor restante é acrescido de
juros e cobrado no mês seguinte. É muito comum nos cartões das redes de
hipermercados.
Vantagens: Possibilidade de parcelar uma dívida em um maior número de vezes (normalmente, o número máximo de parcelas sem juros é menor).
Desvantagens: Para o pagamento mínimo da fatura, praticamente não
há vantagens. Os juros cobrados são muito altos e essa é uma das
principais causas que levam à bola de neve das dívidas dos brasileiros
nos dias de hoje. Se não for possível quitar a fatura inteira no
vencimento, é melhor buscar um empréstimo de juros menores, como o CDC
ou o crédito consignado, para pagar toda a dívida. E, claro, segurar os
gastos até a situação normalizar.
Taxa de juro mensal: De 6% a 14%.
3. Cheque especial:
O que é?
Um limite de crédito disponibilizado diretamente na conta
corrente. Depois de contratado, é acionado automaticamente quando ocorre
algum débito e o cliente não possui saldo suficiente para quitá-lo. Em
vez de o pagamento ser reprovado, ele é realizado e a conta corrente
fica negativa. Há a cobrança de juros diários sobre o crédito usado.
Vantagens: É uma segurança para momentos de emergência,
possibilitando realizar um pagamento inadiável ou sacar dinheiro da
conta corrente mesmo sem ter saldo.
Desvantagens: Os juros cobrados são muito altos e essa modalidade
de crédito é outra das principais causas de endividamento dos
brasileiros nos dias de hoje. Seu uso deve ser considerado apenas para
imprevistos e não como regra. Também é preciso tomar cuidado, pois
muitos bancos somam o limite do cheque especial ao dinheiro que
efetivamente temos na conta corrente. Assim, quando consultamos nosso
saldo por telefone, caixa eletrônico ou internet, ficamos com a
impressão de que podemos gastar mais do que temos.
Taxa de juro mensal: De 5% a 10%.
4. CDC (Crédito Direto ao Consumidor):
O que é?
Um limite de crédito pré-aprovado que pode ser facilmente
contratado pela internet, por exemplo, sem a necessidade de pedir
autorização ou apresentar documentos ao gerente da agência.
Vantagens: O dinheiro é liberado na hora, sem burocracia, e é
possível simular o valor das parcelas antes de contratar o empréstimo e
checar se ela cabe no orçamento dos próximos meses.
Desvantagens: Crédito fácil deve ser usado com ainda mais
prudência. O CDC só deve ser uma opção no caso de emergências
financeiras ou para a aquisição de bens, como automóveis e
eletrodomésticos, quando os juros cobrados pelas lojas forem maiores que
o do CDC.
Taxa de juro mensal: De 2% a 5,5%.
5. Empréstimo consignado:
O que é?
É um empréstimo vinculado ao salário do cliente e as
parcelas são descontadas diretamente do pagamento. Por exemplo, se você
ganha R$ 2 mil e contratou um empréstimo consignado de parcela de R$
200, receberá R$ 1,8 mil por mês até o fim do empréstimo.
Vantagens: Essa modalidade oferece uma das menores taxas de juros
do mercado, uma vez que o risco de inadimplência é bem menor, já que a
parcela é descontada diretamente do salário.
Desvantagens: Não é possível negociar a data de cobrança das
parcelas, uma vez que elas devem estar vinculadas à data de recebimento
do salário.
Taxa de juro mensal: De 0,5% a 4%.
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