Quando há apagões, a primeira causa levantada por autoridades
federais tem relação com fenômenos atmosféricos, mas a julgar pelo caso
da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), que mostra o
"sufoco" de técnicos em fevereiro do ano passado, há amplo espaço para a
ocorrência de falhas humanas.
Nos relatórios, os técnicos da Aneel condenam as manifestações
precipitadas de autoridades. Segundo eles, as primeiras respostas tendem
a ser desmentidas pelas investigações. "Qualquer análise que se faça a
posteriori provavelmente levará à identificação de determinadas medidas
diversas daquelas que foram adotadas no momento da ocorrência."
Contudo, há demora nas apurações. No caso do Nordeste, a primeira providência só foi tomada duas semanas depois do blecaute.
Falha sistêmica
Horas depois de o problema ter sido resolvido, começaram as
divergências. A Chesf foi à Justiça questionando a isenção do Operador
Nacional do Sistema (ONS). Na avaliação da concessionária, a causa do
apagão não estava no uso de equipamentos antigos, cuja substituição foi
determinada pela Aneel, mas seria resultado de uma "falha sistêmica".
"A ocorrência do dia 4 de fevereiro de 2011 é resultado de uma soma
de eventos, e não apenas de um evento isolado, caracterizando o que
podemos chamar de falha sistêmica", afirmou a Chesf ao Judiciário.
A hipótese não deixa de fazer sentido quando se põem na balança todos
os erros e falhas que deixaram 46 milhões de pessoas sem energia na
madrugada de 4 de fevereiro de 2011. A placa eletrônica que apresentou
defeito era antiga e não deveria mais estar ali. Em 2006, a Aneel
incluiu o componente na lista de substituições do Plano de Modernização
das Instalações de Interesse Sistêmico (PMIS). A troca não ocorreu.
Problema
Quando veio o apagão, técnicos da Chesf e do ONS arregaçaram as
mangas para corrigir o problema. Mas não havia um plano de ação para
esse tipo de emergência. O defeito se alastrou e derrubou toda a rede do
Nordeste. Equipamentos que não funcionavam, porque estavam sem uso há
muitos anos, retardaram a solução. A manutenção do maquinário e o
investimento em novas tecnologias não é apenas bom senso: está prevista
no contrato de concessão. O descumprimento da obrigação deu à Aneel a
base jurídica para aplicar a multa.
Para se ter ideia da importância desses recursos, o governo federal
repassou mais de R$ 20 bilhões às concessionárias de energia nos últimos
meses, como indenização pelos supostos investimentos que elas fizeram
há anos. Somente depois de indenizar as empresas é que foi possível
reduzir a conta de luz, como prometeu a presidente Dilma Rousseff em
setembro. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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