O mercado, porém, vê poucas chances de reajuste este ano. “Apesar da necessidade de aumento para voltar a fazer os investimentos necessários, este tem sido um ano difícil para a inflação, que está beirando o teto da meta, com o agravante de ser um ano eleitoral com o governo perdendo espaço na preferência do eleitorado. Por isso será muito difícil a empresa conseguir o reajuste desejado”, afirmou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
As ações preferenciais da estatal fecharam em alta de 2,04% ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Isso, somado à alta dos papéis da Vale (4,26%), puxou o avanço do Ibovespa, que seguiu o movimento positivo das bolsas internacionais e terminou em alta de 1,79%, para os 54.052 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,9 bilhões.
Os resultados da Petrobras ficaram acima da expectativa de analistas, mas ainda assim o futuro da companhia gera desconfiança. “Principalmente, considerando que a empresa está há dez anos sem cumprir meta anual de produção”, resume Roberto Altenhofen, analista da Empiricus Research.
Embora reconheça que o dólar tem ajudado a reduzir a defasagem dos preços dos combustíveis, a presidenta da Petrobras, Maria das Graças Foster, voltou ontem a considerar a necessidade de aumento na gasolina em 2014. “Avaliamos o momento de aplicar a metodologia (de reajustes de preços) ainda neste ano”, afirmou Graça, em conferência com analistas do mercado financeiro para explicar o resultado do primeiro trimestre de 2014.
A defasagem dos preços dos combustíveis teve novo impacto no balanço da empresa, ampliando em 13% o prejuízo da área de abastecimento, para R$ 4,8 bilhões. É o 13º trimestre seguido de perdas nas vendas de combustíveis — o quarto trimestre de 2010 foi o último em que a empresa ganhou dinheiro nesse segmento. O prejuízo acumulado dessa área já soma R$55,4 bilhões no período.
“Enquanto perdurar a não paridade plena, temos que considerar a correção de preços”, completou a executiva, informando que o tema tem estado na mesa em reuniões do Conselho de Administração da companhia. Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a defasagem beira os 23%.
Levantamento feito pelo jornal Brasil Econômico mostra que a última vez em que a Petrobras vendeu combustíveis no Brasil com preços em dólar acima das cotações internacionais do petróleo foi no quarto trimestre de 2010, quando a área de abastecimento teve lucro de R$ 1,4 bilhão. Desde então, as cotações internas estão abaixo do custo internacional do petróleo.
O maior prejuízo foi verificado no terceiro trimestre de 2012: R$ 7,03 bilhões. Graça afirmou que a Petrobras tem sido beneficiada pelo câmbio, que oscila na casa dos R$ 2,20 por dólar e reduz a pressão sobre as importações de combustíveis para venda no mercado interno. Reajustes no fim do ano passado e redução das importações no trimestre também contribuíram para impedir perdas maiores.
Fonte: O Dia
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