A chance de constituir alguma reserva para enfrentar períodos de restrição como atual é cada vez menor
O brasileiro, que em períodos de vacas gordas já não era um poupador habitual porque na maioria das vezes faltava salário para fechar as contas do mês, agora está ainda mais pressionado. Com o aumento do desemprego e da inflação, provocado pela recessão, a chance de constituir alguma reserva para enfrentar períodos de restrição como atual é cada vez menor.
Pior: o que ele tinha de dinheiro guardado está usando para pagar as contas do dia a dia. Isso já apareceu na captação líquida negativa da caderneta de poupança de quase R$ 50 bilhões acumulada neste ano até agosto. Além disso, quem ainda consegue guardar alguma coisa reduziu as cifras poupadas.
Leandro Pilati, de 37 anos e que trabalha com vendas, por exemplo, deixou no último ano de fazer depósitos semestrais extras no plano de previdência privada porque sentiu no bolso o peso da inflação nos gastos habituais. “Estou gastando entre 10% a 15% a mais nas despesas de supermercado.
Também a renovação do seguro do carro ficou mais caro. Por isso estou guardando menos dinheiro.”Apesar do corte, todo mês ele ainda consegue colocar 5% da sua renda na poupança. Pilati, que reduziu as cifras guardadas mas não deixou de poupar, representa uma fatia menor da população. Pesquisa feita no início do ano pelo SPC Brasil, empresa especializada em informações econômicas e financeiras, revelou que apenas 36% dos brasileiros poupam e 64% não conseguem guardar as economias porque mais da metade usa o dinheiro para outras coisas, como quitar, dívidas, viajar, pagar impostos de início de ano, entre outras. O restante não poupa pois não tem recursos para isso.
No mês passado, uma nova pesquisa nacional foi feita pelo SPC Brasil mostrou que um quadro pior. Apenas 9% dos entrevistados que estavam no limite da sua capacidade financeira conseguiram guardar algum dinheiro, 40% fecharam o mês no zero a zero e 32% ficaram devendo alguma coisa no fim do mês.
Fonte: Tribuna da Bahia
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