De acordo com a médica responsável pelo caso, os riscos de morte em situações como essa são de 100%. Mãe diz: "Agora, é 99,99%"
Um bebê de 7 meses quase morreu depois de aspirar uma bexiga, em São Paulo. Na última terça-feira (22), Mário Archangelo Damasceno Neto brincava em seu berço quando a mãe, que acabara de chegar do trabalho, percebeu que ele estava engasgado. "Na hora, peguei meu filho no colo e saí correndo - literalmente - para o hospital, que, por sorte, ficava a apenas dois quarteirões de casa", contou Lívia Martins Pereira, em entrevista à CRESCER. "Quando cheguei lá, ele estava desmaiado e roxo. Cheguei a pensar que estava morto", lembra. Naquele momento, ela desconhecia o motivo do engasgo. "Eu não sabia que era uma bexiga", explica. A princípio, o menino foi para o Hospital das Clínicas da USP e, depois, encaminhado para o Hospital Infantil Sabará (SP), onde passou por cirurgia.
De acordo com uma das médicas responsáveis pelo caso, a otorrinolaringologista pediátrica Saramira Bohadana, especializada em vias aéreas, Mário foi o primeiro sobrevivente depois de engolir uma bexiga. "Não há nenhum outro caso registrado na literatura médica mundial. Conversei com os maiores experts em cirurgias desse tipo e todos ficaram espantados pelo fato dele ter escapado. Isso só aconteceu porque a mãe foi muito rápida e porque, quando ele chegou ao hospital, a equipe tentou entubá-lo e a bexiga escorregou para o esôfago", afirmou.
O menino foi operado por Bohadana e pelo broncoscopista pediátrico Ascédio Rodrigues. No centro cirúrgico, os especialistas usaram uma pinça para retirar o objeto do esôfago do bebê. O pó químico presente na bexiga foi para os pulmões e provocou pneumonia por corpo estranho, da qual o garoto ainda está se recuperando. Ele precisou permanecer sedado até segunda (28), mas acordou chorando o tempo todo, vomitou algumas vezes e rejeitou o peito da mãe. Nesta terça (29), uma semana depois do acidente, ele conseguiu mamar e sorriu de novo, pela primeira vez. "Só então fiquei aliviada. Era o presente que eu estava esperando", disse a mãe.
"Provavelmente, como ele conseguiu mamar, retiraremos a sonda dele nesta quarta-feira (30) e até sexta (2) pode ser que ele já esteja em casa", contou a médica. Mário está recuperando a deglutição, porque o sistema ficou dolorido depois das tentativas de entubá-lo quando chegou ao hospital.
O perigo das bexigas
Os balões de látex são comuns e parecem inofensivos. As crianças adoram e a presença deles é certa em festas de aniversário, inclusive no primeiro ano dos bebês. Isso sem falar naquelas bexigas distribuídas em lojas, nos shoppings, nos parques... No entanto, esses objetos oferecem um grande perigo que muitos pais nem imaginam. "O risco de morte é de 100%. A criança asfixiada tem parada respiratória, o cérebro fica sem oxigênio e, em questão de minutos, acontece o óbito", explica a otorrinolaringologista que atendeu o pequeno Mário. Para ela, esse objeto deveria ser proibido e ficar totalmente fora do alcance de crianças, especialmente as menores de 2 anos. O mesmo recado vale para pipocas e amendoins, alimentos com alto potencial de causar engasgos.
Desde o dia em que Mário foi internado no hospital, Lívia, que integra a banda sinfônica do exército, se afastou do trabalho. "Os médicos me disseram que as chances de morte são 100%. Agora, meu filho sobreviveu e a estatística melhorou: está em 99,99%. O mais importante é que ele saia daqui bem. Não vou para casa sem ele", afirmou.
Na casa da família, os balões não aparecerão tão cedo. "Bexiga não é brinquedo de criança. Pode matar. Se eu soubesse, jamais deixaria que meu filho brincasse com uma. Agora, nunca mais", diz a mãe, já que nem mesmo a avó, que cuidava do bebê naquele momento, conseguiu evitat o acidente. "Minha mãe (a avó do menino) agiu rapidamente, gritou e eu corri. Ela foi uma das peças chaves para o meu filho estar vivo", conta.
Fonte: Crescer
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