O desenvolvimento de uma vacina para a febre amarela, nos anos 30, e a erradicação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti,
na década de 50, fez com que o governo relaxasse as medidas de controle
do mosquito, o que permitiu sua reintrodução no país no final da década
de 60, afirmou o professor do Departamento de Epidemiologia da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Delsio
Natal.
Em evento promovido pela Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental, o professor apresentou um panorama da
trajetória do mosquito no Brasil, desde o século17, quando houve a
primeira campanha contra a febre amarela no país. O presidente da
associação participou do evento e ressaltou que problemas de
infraestrutura e de abastecimento de água favorecem a proliferação do
mosquito.
“Nós não vamos conseguir erradicar o mosquito,
precisamos baixar a densidade dele”, disse o professor, ao avaliar que
uma segunda erradicação seria muito difícil, além de dispendiosa. “Agora
nós vamos ter que controlar as epidemias, controlar as doenças que
estão chegando, que é o mais imediato e talvez sufocar a epidemia com
algum método, alguma técnica”.
Segundo Natal, os métodos que já existem para combate ao Aedes aegypti
funcionam e só dependem de uma gestão correta para sua eficácia. “Falta
muita gente [especializada] nos municípios, falta muito técnico. A
maioria dos municípios não tem nem entomologista [que estuda os insetos]
nas equipes”, disse.
O presidente da associação disse que um
grande desafio do saneamento no Brasil é a coleta e distribuição de água
e esgoto de forma adequada e eficaz. Segundo ele, a responsabilidade
recai sobre o governo federal, mas ele acredita que os governos
estaduais e municipais poderiam fazer mais sobre a questão.
“Não
conseguiremos fazer obras de esgoto em dois anos, mas é importante que
se faça a reestruturação do setor, fortalecendo os planos municipais e
reestruturando também as empresas estaduais”, disse.
Fonte: Agência Brasil
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