Pela quinta vez seguida, o Banco Central (BC) baixou os juros básicos
da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom)
reduziu ontem (12) a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% ao ano
para 11,25% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros.
Com
a redução de hoje, a Selic retorna ao nível de dezembro de 2014, quando
também estava em 11,25% ao ano. De outubro de 2012 a abril de 2013, a
taxa foi mantida em 7,25% ao ano, no menor nível da história, e passou a
ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de
2015. Somente em outubro do ano passado, o Copom voltou a reduzir os
juros básicos da economia.
Em comunicado, o Copom informou que o
comportamento da inflação permanece favorável. “O processo de
desinflação [abrandamento da inflação] se difundiu e houve consolidação
da desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à
política monetária. A desinflação dos preços de alimentos constitui
choque de oferta favorável”, diz a nota do comitê.
A nota também
diz que a aprovação e implementação das reformas do governo,
especialmente as de natureza fiscal e de ajustes na economia, são
“relevantes para a sustentabilidade da desinflação e para a redução da
taxa de juros estrutural”.
A Selic é o principal instrumento do
Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA ficou em
0,25% em março, o menor nível registrado para o mês desde 2012.
Nos
12 meses terminados em março, o IPCA acumula 4,57%. Até o ano passado, o
Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação de 4,5%,
com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para este
ano, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A
inflação, portanto, não poderá superar 6% neste ano.
Inflação
No Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA encerrará 2017 em 4%. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,09%.
Até
agosto do ano passado, o impacto de preços administrados, como a
elevação de tarifas públicas, e o de alimentos, como feijão e leite,
contribuiu para a manutenção dos índices de preços em níveis altos. De
lá para cá, no entanto, a inflação começou a desacelerar por causa da
recessão econômica e da queda do dólar.
A redução da taxa Selic
estimula a economia porque juros menores impulsionam a produção e o
consumo num cenário de baixa atividade econômica. Segundo o boletim Focus,
os analistas econômicos projetam crescimento de apenas 0,41% do Produto
Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em
2017. No último Relatório de Inflação, o BC reduziu a estimativa de expansão da economia para 0,5% este ano.
A
taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais
taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central
segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais
altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros
básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo,
mas enfraquece o controle da inflação.
Fonte: Agência Brasil
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