O comércio varejista brasileiro registrou em fevereiro queda de 0,2%
nas vendas e alta de 0,1% na receita nominal na comparação com janeiro.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e
foram divulgados hoje no Rio de Janeiro. Apesar de negativo, o
resultado das vendas não exerceu efeito sobre a média móvel que se
mantém positiva pelo segundo mês seguido. Em fevereiro, ficou em 1%,
enquanto em janeiro foi de 1,4%.
Mas se a relação é com fevereiro
de 2016, o varejo recuou 3,2% no volume de vendas. Essa é a vigésima
terceira taxa negativa consecutiva. Assim, nos dois primeiros meses do
ano, o comércio varejista acumula redução de 2,2% nas vendas e queda de
5,4% na taxa acumulada nos últimos 12 meses.
Já a receita nominal de vendas apresentou em fevereiro deste ano variação de 0,4% na comparação com o mesmo período de 2016. No acumulado no ano, 2,1%. Nos últimos doze meses, 4,2%.
Já a receita nominal de vendas apresentou em fevereiro deste ano variação de 0,4% na comparação com o mesmo período de 2016. No acumulado no ano, 2,1%. Nos últimos doze meses, 4,2%.
Segundo o IBGE, o comércio varejista ampliado,
que além do varejo inclui veículos, motos, partes e peças e material de
construção teve variação de 1,4% para o volume de vendas em relação ao
mês anterior, na série ajustada sazonalmente, e de 1% para receita
nominal de vendas. No volume de vendas, é a quarta vez consecutiva que
ficou positivo. Mas quando a comparação é com fevereiro de 2016, o
comércio varejista ampliado teve redução de 4,2% para o volume de vendas
e de 1,7% na receita nominal de vendas. Nas taxas acumuladas, as
variações para o volume de vendas foram de queda de 2,1% no ano e de
7,5% nos últimos 12 meses.
Atividades com variação positiva
Das
oito atividades pesquisadas que compõem o varejo, cinco tiveram
variação positiva no volume de vendas na passagem de janeiro para
fevereiro. Móveis e eletrodomésticos registraram alta de 3,8%; tecidos,
vestuário e calçados, 1,5%; livros, jornais, revistas e papelarias,
1,4%; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e
cosméticos, 1%; e combustíveis e lubrificantes, 0,6%.
As
atividades com taxas negativas foram hipermercados, supermercados,
produtos alimentícios, bebidas e fumo com queda de 0,5%; equipamentos e
materiais para escritório, informática e comunicação, 1,5%; e outros
artigos de uso pessoal e doméstico, 1,8%.
Os índices indicam
também que as vendas recuaram em 11 das 27 Unidades da Federação
pesquisadas na passagem de janeiro para fevereiro. As maiores variações
negativas foram em Mato Grosso (-4,7%); Rio Grande do Sul (-4,4%) e
Goiás (-4,2%).
Quando a comparação é de fevereiro deste ano com
fevereiro de 2016, 21 das 27 Unidades da Federação acusaram resultado
negativo. Os destaques foram Goiás (-15,0%), Tocantins (-14,9%) e Pará,
(-14,0%). Os avanços nas vendas ficaram com Mato Grosso do Sul (19,1%) e
Santa Catarina (10,6%).
Impacto dos veículos
O
impacto do setor de veículos nos indicadores do comércio varejista
ampliado registrou queda de 4,6% em fevereiro deste ano na comparação
com o mesmo mês de 2016. Para a pesquisadora da Coordenação de Serviços e
Comércio do IBGE, Juliana Vasconcellos, o dado reflete a conjuntura da
economia brasileira.
Segundo Juliana, a conjuntura aponta
restrição do crédito; redução do orçamento das famílias, pelo
enfraquecimento do mercado de trabalho; massa de rendimento em queda,
apesar desse trimestre estar mais estável; e também o aumento da taxa de
desemprego. Para a pesquisadora, este panorama explica a queda
consecutiva há mais de dois anos do setor de veículos.
Em relação
aos desempenhos mensais do comércio, a pesquisa indica melhora em
algumas atividades na comparação entre fevereiro de 2017 com janeiro do
mesmo ano, porque representa um indicador de resultados mais rápidos de
períodos menores. Por isso que o número piora quando a análise é com
base no indicador interanual. “Se comparo o ano de 2017 com o ano
anterior, ainda reflete uma conjuntura desfavorável, um mercado de
trabalho enfraquecido e uma restrição orçamentária no consumo das
famílias”, disse.
Segundo a pesquisadora, o desempenho mensal do
comportamento do comércio reflete uma combinação de fatores do consumo
das famílias: a massa de rendimento dessa população, a taxa de
desemprego está crescendo, a oferta de crédito e a taxa de juros estão
diminuindo. “A conjuntura influencia o comércio nacional”, disse.
Ciclo econômico
Juliana
disse que o consumo de demanda registrou um ciclo econômico que até
2014 mostrava o comércio com desempenho superpositivo, mas no final
daquele ano já começou a anotar taxas negativas. Segundo ela, às vezes,
no ciclo econômico, é natural ter uma atividade que apresenta uma reação
maior no consumo das famílias do que outras. “Por exemplo, bens de
consumo duráveis. As pessoas acabam optando por não fazer a reposição
agora. Se existe uma promoção, uma oportunidade, as famílias exercem seu
consumo”.
A pesquisadora disse que as variáveis importantes para
o comércio costumam caminhar juntas e com perspectivas melhores.
“Alguns setores são mais sensíveis aos preços, outros à renda e outros
setores são sensíveis a todos os fatores juntos. No caso de hiper e
supermercados há sensibilidade à renda que no último trimestre a Pnad
[Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios] mostrou que o rendimento
ao trabalhador está mais estável. Então, o consumo desses produtos de
hiper e supermercados começa a melhorar e também em função dos preços,
porque os preços nos supermercados, em fevereiro, estão até abaixo da
inflação do IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo]”.
Entretanto,
a pesquisadora diz que o reflexo das melhoras na conjuntura econômica
no comércio não é tão rápida e vai ter que aguardar os próximos meses
para ver se muda o comportamento no acumulado do ano. “A conjuntura
econômica vem há muitos anos desfavorável. Para que o comércio reaja, a
gente vai ter que aguardar como vão se comportar as famílias em relação
aos fatores do mercado de trabalho, dos preços e os juros”, disse.
Fonte: Agência Brasil
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