Os trabalhadores dos Correios entrarão em greve por tempo
indeterminado hoje (26) a partir das 22h. As ameaças de privatização e
demissões, o fechamento de agências e o "desmonte fiscal" da empresa,
com diminuição do lucro devido a repasses ao governo e patrocínios, são
os principais motivos para a mobilização, segundo a Federação Nacional
dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares
(Fentect).
A estatal afirma que teve prejuízos de R$ 2,1 bilhões
em 2015 e R$ 2 bilhões no ano passado. Em dezembro do ano passado, foi
anunciado um plano de demissão voluntária e o fechamento de agências para reduzir os gastos. Já a Federação alega que a receita tem crescido.
“O
que tem acontecido é um plano de desmonte próprio da empresa, atacando a
própria qualidade e universalização do serviço. Faz parte de um projeto
privado com interesse de entrar no mercado”, disse a secretária de
Imprensa da Fentect, Suzy Cristiny.
Segundo a entidade, a
"privatização" coloca em risco o direito da população aos serviços dos
Correios, já que a empresa tem fechado agências em cidades menos
lucrativas. “Mais de 200 agências estão sendo fechadas por todo o
Brasil. Com isso, muitos moradores do interior e das periferias vão
ficar sem o atendimento bancário e postal dos Correios do Brasil”,
informou a federação.
O ministro da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, tem dito que é contra
privatizar os os Correios, mas que a empresa terá que fazer “cortes radicais” de gastos para evitar a privatização, já que o governo não socorrerá a empresa financeiramente.
Críticas dos grevistas
Além do fortalecimento
de franqueados e o fechamento de agências próprias, o que, na opinião
da federação, “esvazia os negócios da empresa para a iniciativa
privada”, a Fentect critica os repasses da empresa ao governo federal
acima do valor estabelecido. “Nos últimos anos, os Correios repassaram
para o governo federal R$ 6 bilhões e, desse montante, R$ 3,9 bilhões
foram acima do valor estabelecido legalmente, prejudicando as reservas
financeiras e investimentos necessários para a modernização da empresa”,
informou.
A entidade cita ainda o distrato de R$ 2,3 bilhões do Banco Postal com o Banco do Brasil e a destinação de R$ 300 milhões em patrocínios nas Olimpíadas e pede uma auditoria na contabilidade da empresa.
Os
sindicatos de todo o país se reúnem hoje (26) para referendar a
manifestação sobre a greve. As entidades e a empresa já promoveram mesas
de negociação, mas, segundo a secretária, não houve avanços. Ela disse
ainda que os trabalhadores dos Correios se unirão às manifestações
marcadas para a próxima sexta-feira (28) contra as reformas trabalhista e
da Previdência.
Além da mobilização pelo fortalecimento
institucional dos Correios e universalização dos serviços, os
trabalhadores reivindicam melhorias nas condições de trabalho, a
contratação de novos funcionários, mais segurança nas agências, o
retorno da entrega diária e o fim da suspensão de férias.
Outro lado
Em
nota, a empresa informou que, caso o movimento grevista seja
deflagrado, os Correios adotarão as medidas necessárias para garantir a
continuidade de todos os serviços. “Uma paralisação dos empregados neste
momento delicado pelo qual passa a empresa é um ato de
irresponsabilidade, uma vez que a direção está e sempre esteve aberta ao
diálogo com as representações dos trabalhadores”, informou. Os Correios
não se manifestaram sobre as reivindicações dos trabalhadores.
Fonte: EBC
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