sábado, 1 de abril de 2017

Centrais sindicais e movimentos sociais protestam contra reforma da Previdência

CUT e movimentos sociais fazem protesto na Avenida Paulista contra reforma da Previdência e o projeto da terceirização
Centrais sindicais e movimentos sociais convocaram e realizaram ontem (31/03) atos em várias cidades do país. Os manifestantes protestam contra a reforma da Previdência, reforma trabalhista e o projeto de lei da terceirização, aprovado pela Câmara dos Deputados e que permite a uma empresa contratar trabalhadores terceirizados para todas as atividades. O projeto aguarda sanção do presidente Michel Temer. 
São Paulo
O protesto contra a Reforma da Previdência e a terceirização começou no início da tarde e foi encerrado por volta das 19h30 na Praça da República, centro da capital paulista. Os manifestantes se reuniram no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e saíram em passeata pela avenida Paulista, desceram a rua da Consolação e percorreram ruas do centro até chegar ao destino.
O ato foi convocado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular e reuniu diversas categorias, como metalúrgicos, professores estaduais e municipais, químicos, metroviários, estudantes, professores universitários, além de centrais sindicais e movimentos sociais. Durante a caminhada, o grupo pediu a saída do presidente Michel Temer e protestou contra as reformas em tramitação na Câmara dos Deputados.
Segundo o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, o ato de hoje foi uma mobilização vitoriosa. “Aqui em São Paulo, nós reunimos mais de 50 mil pessoas. As informações que chegam de todo o Brasil são de mobilizações muito expressivas.  Ou seja, o caldo de rua está virando, isso ficou muito claro no dia 15 [quando houve protestos e paralisações pelo país principalmente contra a Reforma da Previdência].” A  Polícia Militar não estimou o número de manifestantes.
Boulos disse que durante o mês de abril os movimentos farão um trabalho de preparação para o dia 28, para quando está marcada uma greve geral. Pela manhã, foram realizados protestos menores que alteraram o trânsito, como na Avenida Jacú Pêssego, na saída de São Paulo para a cidade de Mauá. Na Estrada do M'Boi Mirim, na zona sul, manifestantes ocuparam parte da pista e atearam fogo a pneus. As chamas foram apagadas pelos bombeiros e a via liberada.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, os manifestantes se concentraram, às 15h, na Igreja da Candelária e saíram em passeata, às 18h, pela Avenida Rio Branco, até a Cinelândia. Eles foram apoiados por um caminhão de som, onde se concentram as lideranças políticas, que se alternaram em discursos com críticas às reformas propostas pelo governo federal. O grupo seguiu até as escadarias da Câmara Municipal, quando o caminhão estacionou e deu seguimento ao ato.
Homens do Batalhão de Grandes Eventos acompanham os manifestantes. Até às 19h, o protesto seguia pacífico. Um grupo de estudantes, incluindo alguns mascarados, acompanharam a manifestação, mas evitaram se unir aos sindicalistas, ficando longe do caminhão de som. 
Fortaleza
O ato começou na Praça da Bandeira e foi até a Praça do Ferreira. Integrantes de centrais sindicais, organizações da sociedade civil, trabalhadores de diferentes categorias, indígenas e outros segmentos caminharam com faixas, cartazes e bandeiras pedindo a suspensão dos projetos que tratam das reformas da Previdência, trabalhista e que permite a terceirização de mão-de-obra em qualquer atividade.
Vários estudantes participaram do ato. Para o integrante do Movimento RUA, Marcelo Sousa Lima, o ato integra a mobilização feirua por centros e diretórios acadêmicos para sensibilizar os jovens sobre a importância de defender os direitos sociais e pressionar o governo para mudanças das reformas propostas. 
“A juventude está perdendo uma série de direitos. Se formos falar em termos de aposentadoria, quem são os maiores prejudicados? A médio e longo prazo, é a grande massa de jovens de hoje. Fora o problema do desemprego. Os quase 13 milhões de desempregados são, sobretudo, jovens – ou estão desempregados ou em péssimas condições de trabalho na dita terceirização", disse.
A organização do evento divulgou uma estimativa de 30 mil pessoas. A Polícia Militar não contabilizou o número de participantes.
Salvador
Na capital baiana, representantes de diversas categorias, centrais sindicais, movimentos sociais e frentes populares se encontraram no Campo da Pólvora, Praça do Fórum Ruy Barbosa, no bairro central de Nazaré. O protesto teve início às 9h, e os manifestantes seguiram pela Avenida Joana Angélica, em direção ao bairro do Barbalho. 
Para a médica Mônica Angelim, do movimento Médicos pela Democracia, a terceirização e a reforma da Previdência são “medidas retrógradas, que ameaçam os direitos dos trabalhadores”. 
“O povo acordou, está na rua e vai lutar até ver os direitos dos trabalhadores preservados, como garantia de férias, FGTS. Por isso que hoje a classe trabalhadora ganhou as ruas de todo o Brasil contra a terceirização, contra a reforma trabalhista, contra o governo e a favor de uma nova eleição direta”, disse o diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na Bahia, Cedro Silva. A central foi uma das organizadoras do ato.
A Polícia Militar não divulgou o número de manifestantes. A CUT estimou em cerca de 10 mil pessoas.
Brasília
Em um ato de cerca de 40 minutos, juízes, advogados, servidores e membros da Justiça do Trabalho protestaram contra as reformas e a desvalorização da Justiça do Trabalho, no Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região. 
“Algumas inverdades têm sido propagadas a pretexto de justificar a aprovação de uma reforma trabalhista com consequências nefastas para os trabalhadores, num Brasil que ainda enfrenta graves problemas no combate ao trabalho escravo e ao trabalho infantil; num país em que são registrados cerca de 600 mil acidentes de trabalho por ano, num país em que a terceirização é sinônimo de precarização da relação de emprego”, diz o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, Pedro Luís Vicentin Foltran.
Segundo Foltran, há também uma tentativa de enfraquecimento da Justiça do Trabalho, que têm recebido críticas por parte de parlamentares e ministros. O presidente ressaltou que houve um corte de 90% nos investimento e 30% em despesas de custeio do orçamento da área.
 “A Justiça do trabalho existe para preservar os direitos constitucionais e infraconstitucionais, para defender a dignidade do trabalhador e do empregador”, disse o vice-presidente do TRT 23ª Região e presidente do Colégio de Ouvidores da Justiça do Trabalho, Eliney Bezerra Veloso.
O ato ocorreu no saguão de entrada do Tribunal, onde foram estendidos cartazes com os dizeres como "Trabalhador sem Justiça é escravo".
Recife 
A manifestação saiu da Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, e seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista, uma das principais vias da cidade, ocupando ao menos seis quarteirões. 
Para o presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Veras, a terceirização e as refomas trabalhista e da Previdência vão dificultar as negociações entre trabalhadores e patrões.
“Com alto índice de desemprego, o patrão vai falar: você abre mão do seu 13º que eu te mantenho. E aí? O trabalhador vai acabar abrindo mão, reduzindo salário. Hoje a negociação já é muito difícil, tem que fazer greve para garantir o mínimo do mínimo. Imagina a gente sem a cobertura da CLT”, argumenta. O sindicalista diz ainda que, com a queda dos rendimentos e as dificuldades para se aposentar haverá menos consumo, o que prejudicaria a economia.
Como alternativa, os manifestantes defenderam uma auditoria da dívida pública - empréstimos constraídos pelo Estado junto a organismos como instituições financeiras, e que exige o deslocamento de recursos públicos para o pagamento dos valores acrescidos de juros, entre outras propostas. “O governo está dizendo que a Previdência está quebrada, e ela não está. O que se precisa é tributar as grandes fortunas e se fazer com que os grandes devedores da Previdência paguem”, disse a aposentada Helena Barros, de 76 anos, que participou do protesto.
O ato também defendeu a convocação de eleições diretas para a Presidência da República. Com placas, os manifestantes criticaram parlamentares que votaram a favor da lei da terceirização. Um grupo teatral fez uma performance vestidos de zumbis e caveiras.
De manhã, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo fecharam a BR-101. O ato ocorreu no bairro do Curado, zona oeste da capital pernambucana, e bloqueou os dois sentidos da rodovia. Os manifestantes colocaram fogo em pneus.
Belo Horizonte
Na capital mineira, os manifestantes se concentraram às 17h na Praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no bairro Santo Agostinho, e de lá caminharam até o centro da cidade, passando pela Praça Sete e chegando à Praça da Estação. Segundo os organizadores, 100 mil pessoas participaram do protesto. A Polícia Militar não realizou estimativa de público.
"Foi uma mobilização surpreendente considerando que hoje, diferente do ato do dia 15 de março, não foi um dia de paralisação de várias categorias. E mesmo assim os trabalhadores vieram. Cada vez mais as pessoas estão tomando consciência e se mostrando incomodadas com o rumo do país", avalia Beatriz Cerqueira, presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG).
O ato contou com a mobilização de diversas categorias, entre elas os professores das redes públicas e privada, metroviários, eletricitários, trabalhadores da saúde, servidores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e funcionários dos Correios, entre outros. Pela manhã, servidores municipais realizaram um protesto em separado, também no centro da cidade.  As manifestações contra as reformas propostas pelo governo federal também ocorreram em diversas cidades do interior do estado. Ao longo do dia, algumas rodovias chegaram a ser bloqueadas em cidades como Itaobim (MG), Padre Paraíso (MG) e Frei Inocêncio (MG).
Para Luciléia Miranda, integrante do movimento Levante Popular da Juventude, os jovens estarão entre os afetados pela reforma da Previdência em tramitação na Câmara dos Deputados. "A juventude, em períodos de crise, tem dificuldade de acesso ao emprego e muitas vezes encontra ambientes de trabalho mais precarizados, que não assinam carteira. Persistindo a conjuntura atual, que jovem vai conseguir contribuir por 49 anos com a Previdência?", questiona ela, que também é estudante de ciências sociais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Fonte: Agência Brasil




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