sábado, 11 de agosto de 2012

Consumidor não consegue comparar taxas

Os bancos anunciam crédito mais barato, mas, na prática, o consumidor não tem facilidade para encontrar o menor juro. A reportagem visitou agências dos cinco maiores bancos para obter um empréstimo pessoal de R$ 5 mil para um cliente com renda de R$ 2,5 mil. Contudo, o que se viu é que só correntistas conseguem simulações concretas de juros.
No Santander, a atendente perguntou se o repórter era correntista. Diante da negativa, disse: "Então não tem como fazer a simulação". Só correntistas com mais de três meses de relacionamento conseguiriam empréstimo. Sem simulação, ela disse que a taxa variaria entre 8% e 9% ao mês.
No Banco do Brasil, a funcionária calculou 4,99% ao mês para um perfil de conta poupança criada há oito anos. Mas fez uma recomendação curiosa ao ver um cartão da concorrência com o repórter: "Já tentou o Santander? Às vezes, eles têm taxas melhores."
Sem conta no Itaú, a reportagem foi a uma agência pedir o empréstimo. Segundo o funcionário, o crédito só seria liberado com abertura de conta e movimentação por três meses. As taxas variariam entre 4,95% e 6,7% ao mês. O funcionário disse, ainda, que o crédito dependeria do nível de movimentação. Além disso, os juros seriam menores com adesão ao pacote mais caro.
Na Caixa, a atendente informou que não era necessário ter conta para avaliar crédito, mas disse que a taxa varia entre 2,5% e 6,5% ao mês, enquanto o banco anuncia de 1,8% a 3,88% ao mês. Depois, afirmou que transferir o recebimento de salário para a instituição não baixaria o juro.
O Bradesco ofereceu crédito pessoal a 6,23% no caso de abertura de conta, o teto do anunciado pela instituição. Ao conferir a renda mensal, o funcionário falou em 4%.
"A justificativa de que é preciso abrir conta para avaliar crédito é balela", diz Lucimara Makhoul, professora de gestão de crédito na Faap. Ela lembra que os bancos conseguem saber, apenas pelo CPF, se o cliente é ou não bom pagador. "A adesão a um pacote para ter acesso a taxa mais baixa é venda casada", diz a advogada e coordenadora da Proteste, Maria Inês Dolci.
Segundo o Itaú, a avaliação de risco é feita em condições responsáveis para concessão de crédito. O Bradesco diz que as taxas variam conforme o relacionamento. Já o Santander afirmou que tomou providências para evitar o ocorrido. A Caixa lamentou as informações incorretas e reforçou que conta-salário reduz o juro. Já o BB disse, em nota, que não adota "venda casada" e que o juro máximo do crédito é de 3,84% ao mês. 
Fonte:  O Estadão.

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