Os bancos anunciam crédito mais barato, mas, na prática, o consumidor
não tem facilidade para encontrar o menor juro. A reportagem visitou
agências dos cinco maiores bancos para obter um empréstimo pessoal de R$
5 mil para um cliente com renda de R$ 2,5 mil. Contudo, o que se viu é
que só correntistas conseguem simulações concretas de juros.
No Santander, a atendente perguntou se o repórter era correntista.
Diante da negativa, disse: "Então não tem como fazer a simulação". Só
correntistas com mais de três meses de relacionamento conseguiriam
empréstimo. Sem simulação, ela disse que a taxa variaria entre 8% e 9%
ao mês.
No Banco do Brasil, a funcionária calculou 4,99% ao mês para um
perfil de conta poupança criada há oito anos. Mas fez uma recomendação
curiosa ao ver um cartão da concorrência com o repórter: "Já tentou o
Santander? Às vezes, eles têm taxas melhores."
Sem conta no Itaú, a reportagem foi a uma agência pedir o empréstimo.
Segundo o funcionário, o crédito só seria liberado com abertura de
conta e movimentação por três meses. As taxas variariam entre 4,95% e
6,7% ao mês. O funcionário disse, ainda, que o crédito dependeria do
nível de movimentação. Além disso, os juros seriam menores com adesão ao
pacote mais caro.
Na Caixa, a atendente informou que não era necessário ter conta para
avaliar crédito, mas disse que a taxa varia entre 2,5% e 6,5% ao mês,
enquanto o banco anuncia de 1,8% a 3,88% ao mês. Depois, afirmou que
transferir o recebimento de salário para a instituição não baixaria o
juro.
O Bradesco ofereceu crédito pessoal a 6,23% no caso de abertura de
conta, o teto do anunciado pela instituição. Ao conferir a renda mensal,
o funcionário falou em 4%.
"A justificativa de que é preciso abrir conta para avaliar crédito é
balela", diz Lucimara Makhoul, professora de gestão de crédito na Faap.
Ela lembra que os bancos conseguem saber, apenas pelo CPF, se o cliente é
ou não bom pagador. "A adesão a um pacote para ter acesso a taxa mais
baixa é venda casada", diz a advogada e coordenadora da Proteste, Maria
Inês Dolci.
Segundo o Itaú, a avaliação de risco é feita em condições
responsáveis para concessão de crédito. O Bradesco diz que as taxas
variam conforme o relacionamento. Já o Santander afirmou que tomou
providências para evitar o ocorrido. A Caixa lamentou as informações
incorretas e reforçou que conta-salário reduz o juro. Já o BB disse, em
nota, que não adota "venda casada" e que o juro máximo do crédito é de
3,84% ao mês.
Fonte: O Estadão.
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