O aumento da escolaridade média do trabalhador brasileiro é o principal
fator por trás da recente queda da informalidade no mercado de
trabalho, aponta estudo divulgado nesta terça-feira pelo Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A
pesquisa, de autoria dos economistas Fernando Holanda Barbosa Filho e
Rodrigo Leandro de Moura, utilizou duas séries de dados do IBGE: a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2002 a 2009, e a
Pesquisa Mensal de Emprego (PME), entre 2003 e 2011. Outra conclusão foi
que a queda do emprego informal, vista em todos os setores da economia,
deu-se com mais força fora das regiões metropolitanas.
Segundo o
estudo do Ibre/FGV, a decomposição dos números mostra que 60% da queda
geral na informalidade podem ser explicados pelo aumento da escolaridade
do trabalhador. "Este resultado mostra mais uma vez o sucesso da
política de universalização da educação no país", escreveram os
pesquisadores no artigo científico.
"Os trabalhadores mais
educados (com maior escolaridade) aceitam menos o trabalho informal",
afirmou Leandro de Moura, explicando que, com o aumento da participação
dos trabalhadores com maior escolaridade no mercado de trabalho, a
informalidade cai.
Em 2002, 34% dos trabalhadores formalmente
empregados tinham acima de 10 anos de estudo. Em 2009, essa participação
subiu para 47%. Quando os dados da escolaridade são cruzados com a
experiência no trabalho, "a queda da participação de trabalhadores menos
escolarizados com baixa experiência de trabalho chega a explicar 80% da
queda da informalidade no país", diz o artigo.
A informalidade
também caiu porque a participação do setor agropecuário, no qual o
trabalho informal é mais comum no total das vagas de emprego, também foi
reduzida. A formalização do trabalho foi maior no interior, porque a
informalidade era muito maior fora das cidades.
Mesmo com o
crescimento mais acelerado na formalidade no interior, a taxa de
informalidade fora das regiões metropolitanas ainda é mais alta, de
41,6% em 2009 - em 2002, era de 48,1%. Já nas regiões metropolitanas, a
informalidade passou de 35,6%, em 2002, para 29,7%, em 2009. Na média do
País, o recuo da informalidade foi de 43,6% para 37,4%, na mesma base
de comparação.
A pesquisa mostrou também que a queda da
informalidade está relacionada a um aumento da transição de
trabalhadores do setor informal para o formal e à absorção dos
trabalhadores desempregados pelo setor formal. Ou seja, desempregados e
pessoas fora da força de trabalho (aqueles que não estão procurando
emprego) foram menos incorporados pelo emprego informal.
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