Em um trabalho de mostrar para a sociedade que é possível viver mais mesmo depois de um câncer de mama metastático, está chegando esta semana a Brasília a campanha Por Mais Tempo. O movimento tem por objetivo trazer esperança para as pacientes e pressionar o governo por medicamentos mais modernos para a rede pública.
Dados mundiais indicam que até 30% dos casos em todo o mundo evoluem para a fase metastática, que é quando o tumor atinge outros órgãos do corpo. O Instituto Nacional do Câncer estima que devem surgir aproximadamente 57 mil novos casos de câncer de mama em 2015 no Brasil. Esse é o tipo da doença mais presente nas mulheres e representa cerca 22% dos novos casos de câncer no país. Segundo Luciana Holtz, do Instituto Oncoguia, um dos organizadores da campanha, cerca de 50% dos casos já são descobertos em estagio avançado.
Luciana ressalta que mulheres com planos de saúde têm acesso a medicamentos mais modernos do que as que precisam da rede pública para esta situação específica. “O que a gente tá reclamando é que o tratamento ofertado na rede pública traz resultado de meses de vida a mais, são tratamentos mais antigos, e que hoje existem muitas novidades terapêuticas que dão anos de vida a mais para o paciente.”
No intuito de chamar a atenção para a causa, a entidade vai colocar, na próxima quinta-feira (30), uma ampulheta gigante na Rodoviária do Plano Piloto. A escultura é uma ampulheta que “corre para cima”, com a finalidade de representar a luta contra o tempo enfrentada pelas pacientes e alertar para a necessidade de tratamentos mais avançados na rede pública.
No local, haverá distribuição de material informativo sobre a doença e a arrecadação de assinaturas para uma petição que solicita ao governo uma modernização da lista de medicamentos incorporados para o câncer de mama metastático. O movimento deve permanecer no local por 10 dias.
Paciente da rede pública, Karla Toledo foi diagnosticada com câncer de mama em 2011, aos 34 anos, na cidade onde mora, São Paulo. Meses depois, ela descobriu que já tinha metástase nos ossos. “Fiquei com muito medo. Inicialmente, quando era a coluna, ainda pensei que era controlável, mas quando foi para o fígado, um órgão tão importante, pensei que ia morrer”, relembra Karla.
Entre o diagnóstico e o início do tratamento, foram aproximadamente 60 dias, prazo determinado em lei pelo Ministério da Saúde. “Para uma paciente da rede pública, até que eu estou em uma boa situação, mas em comparação com quem faz tudo particular, ainda falta muito. Eu quero ver meu filho crescer, eu ainda tenho muita coisa para fazer, quero usar todos os medicamentos que possam prolongar minha vida”, desabafa Karla.
Na organização da campanha estão ainda a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama, conhecida como Femama, e o laboratório Roche.
Fonte: Agência Brasil
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