De todas as classes sociais brasileiras, a única que gasta mais do
que ganha é a C. Em estudo sobre consumo realizado pela consultoria
Kantar Worldpanel, o segmento aparece com déficit de 2% na relação entre
renda e gasto. Tanto a classe AB quanto a DE ficaram com saldo positivo
nesta análise, de 1% e 4% respectivamente. "Praticamente todo mundo
está gastando o que ganha, porque esses 4% da classe DE significam muito
pouco", avalia a diretora comercial da instituição no Brasil, Christine
Pereira. O estudo é feito semanalmente em 8.200 domicílios do País e
monitora o comportamento de 27.500 mil consumidores. O resultado
divulgado nesta quinta-feira (13) compila dados do ano de 2011.
De
acordo com Christine, a classe C representa 41% da população
brasileira, e seu endividamento colabora para a recente desaceleração do
consumo. A Kantar Worldpanel considera para o estudo que a classe C
ganha em média R$ 2.027,70 (renda familiar) e gasta R$ 2.060,12. Nos
últimos dois anos, o segmento diminuiu o número de visitas mensais a
pontos de venda de varejo tradicional em duas vezes, de 13 para 11
visitas no mês.
Despesas como educação e vestuário, classificadas
como "outras despesas", respondem pela maior parte dos gastos da classe C
(38%). Na sequência, aparecem despesas fixas, como habitação,
transporte e serviços públicos (33%), seguida por uma cesta de bens de
consumo não duráveis definida pela entidade (28%).
Produtos
O
estudo analisou ainda a penetração de 120 categorias e subcategorias de
produtos nas classes sociais. A classe C já conquistou 46% das
categorias, está em processo de conquista de 31% e ainda precisa
conquistar 23%. O estudo considera como consolidada a conquista quando a
categoria de produto tem 50% de penetração nos domicílios. Nesse caso, a
análise foi feita entre julho de 2011 e junho de 2012.
Em uma
lista reduzida de 25 categorias, a classe C tem defasagem no consumo de
dez itens: TV cabo e ou satélite, CD laser, aspirador de pó, ar
condicionado, câmera digital, congelador/ freezer, câmera de
vídeo/filmadora, home theater, secadora de roupas e lava louça. A classe
AB não conquistou os quatro últimos itens listados.
Gasto
A
classe C reforça o grupo de 52% das famílias que gasta mais do que
ganha. Dentro do número de brasileiros que gastam mais do que ganham,
27% estão "enforcados" e 25% se mantêm relativamente equilibrados -
gastando pouco a mais do que ganham, de acordo com o estudo da Kantar
Worldpanel. Em 2008, o porcentual de famílias que estavam com gastos
acima da renda era de 49%.
A expectativa da diretora comercial da
Kantar Worldpanel é de que a quantidade de pessoas que gastam além da
renda continue acima dos 50% até o final do ano. "Há uma sofisticação do
consumo do brasileiro, que está incorporando novas despesas à sua vida.
À medida que houver emprego e renda, o consumo vai continuar a
crescer", afirma.
Outra análise feita pela instituição mostra que
72% das famílias paulistas e cariocas tem intenção de poupar. O número
de pessoas que pensa em economizar dinheiro mais que dobrou desde 2008,
quando o porcentual era de 29%. Na comparação com a América Latina, o
País também sai na frente na intenção de poupar, já que 63% do bloco
afirmou que pretende economizar.
Metade dos brasileiros que
responderam que querem poupar afirmaram que gostariam de economizar 10%
da renda. Em primeiro lugar na intenção de investir aparece a reserva
para o futuro. Na sequência, vêm reformas e melhorias na casa e a compra
da casa própria. O estudo foi realizado nas regiões metropolitanas de
São Paulo e do Rio de Janeiro.
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