domingo, 9 de setembro de 2012

Cartão de Crédito // Controle para não pagar 300% a mais

Nem inofensivo nem lobo mau. O cartão de crédito só é vilão de quem se deixa seduzir pela fantasia do financiamento fácil e acaba por construir um conto de fadas ao contrário, em que o final infeliz, quase sempre, é um ingresso para o cadastro de maus pagadores. Entre famílias endividadas no Brasil, 74% estão penduradas nessa ferramenta de consumo, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). De cada 100 brasileiros que usam o dinheiro de plástico, 27 ficaram inadimplentes no ano passado, de acordo com o Banco Central (BC). Segundo dados de julho da instituição, as famílias brasileiras usam, em média, 43% de suas receitas para o pagamento de despesas em atraso. É o índice mais alto desde 2005.
Não se deixe enganar. Que o cartão de crédito tem juros altos, todo mundo sabe. Na média, o brasileiro que atrasa a fatura é obrigado a encarar 323,24% de aumento da dívida ao ano. É a maior taxa em toda a América Latina, segundo ranking elaborado pela ProTeste Associação de Consumidores. Segundo a pesquisa de julho, o índice argentino era de 50%, o chileno, 54,24%, e o colombiano, de 29,23% - apenas 9% da média do Brasil.
A disparidade é gigantesca quando se leva em conta que o país tem taxa básica de juros (Selic) de 8% ao ano. Diante desse quadro, a ProTeste recomenda que, para não se endividar e ter dores de cabeça, os consumidores evitem sacar dinheiro ou pegar empréstimos por meio do cartão de crédito.
O coordenador de Estudos Econômicos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, aconselha ainda que os usuários busquem planejar os gastos conforme as possibilidades do orçamento e evitem pagar a cota mínima da conta. "Com taxas tão elevadas, é importante quitar o valor integral da fatura dentro do prazo de vencimento, para não cair no crédito rotativo, cobrado quando se paga o valor mínimo".
O cartão oferece a possibilidade de postergar um gasto imediato por até 40 dias, sem juros, caso se conte do dia seguinte ao fechamento da fatura até a data do mês subsequente. O problema está em ignorar esse prazo, o que leva a pessoa a alimentar uma dívida sem fim.
Necessidade

A diretora de Atendimento do Procon-SP, Selma Amaral, concorda com Miguel Oliveira e ainda ressalta que o consumidor deve se perguntar sobre a real necessidade de usar crédito. Caso seja imprescindível utilizar o dinheiro de plástico, ela recomenda que sejam adotados critérios rigorosos para controlar os gastos. "Se for necessário entrar no rotativo, o que deve ser a última opção, o consumidor precisa se organizar para ficar, no máximo, 10 dias devendo por esse empréstimo".
Mesmo entrando no rotativo, portanto, o cliente deve tentar saldar a dívida antes de receber a fatura seguinte. As operadoras são obrigadas a abater o valor do saldo devedor, reduzindo o número de dias pelos quais serão cobrados os juros do crédito rotativo. "Havendo recusa da empresa, o cliente deve procurar as entidades de defesa do consumidor".

Nenhum comentário:

Postar um comentário