quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Com PIB desacelerando, maior parte dos analistas vê alta menor dos juros

Resultado da reunião do Copom, sobre juro, sai nesta quarta após as 18h.
Maior parte dos economistas prevê alta de 0,25 ponto, para 10,75% ao ano.
Com a atividade econômica desacelerando no fim de 2013, fator que pode conter pressões inflacionárias, a maior parte dos economistas do mercado financeiro manteve a aposta de que os juros básicos da economia brasileira deverão subir menos na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de fevereiro – que termina nesta quarta-feira (26). O resultado será divulgado após as 18h.
 
Selic 10,50 matéria (Foto: Arte/G1)
 
A expectativa da maior parte dos analistas ouvidos pelo Banco Central na semana passada, em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras, é que o BC deverá elevar a taxa Selic hoje em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para 10,75% ao ano. Nos seis últimos encontros do Copom (colegiado do BC que define a taxa básica da economia), os juros avançaram 0,5 ponto percentual. As apostas dos bancos no mercado futuro, majoritariamente, também "embutem" uma alta menor dos juros nesta quarta-feira.
"A recessão bate à porta, ocasionada pelo impacto da produção em baixa e da previsão de crescimento do PIB [de 2014] em torno de 1,8%. A situação só não é pior porque ainda temos um bom índice de empregabilidade. O aumento [dos juros] deve ser menor para que não haja restrição de crédito e maiores prejuízos para as empresas endividadas”, avaliou o coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Reginaldo Gonçalves.
A mesma opinião é compartilhada pelo professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian. Segundo ele, o BC deverá reduzir o ritmo de alta, para 0,25 ponto percentual, fixando a taxa em 10,75% ao ano, porque o ciclo de elevação dos juros, iniciado em abril do ano passado, ainda não "impactou de forma integral os preços da economia". "É mais provável que o BC reduza a intensidade do ciclo de alta que deverá ser interrompido até meados do ano, com a Selic fechando 2014 em torno de 11%”, avalia ele.
Alta para 11% ao ano
Entretanto, alguns analistas dos bancos ainda acreditam que o BC manterá o ritmo de alta adotado nas seis últimas reuniões do Copom e elevar a taxa básica da economia brasileira de 10,50% para 11% ao ano – um crescimento de 0,5 ponto percentual.
"O foco do BC tem sido a inflação, que não desacelerou. Vem se mantendo muito próxima de 6% [em 12 meses]. Não faz sentido [reduzir o ritmo de alta]. Seria um erro muito grande. Não vejo um ano fácil. Se o BC esmorecer agora, corre um grande risco de passar algum calafrio para cumprir essa meta [inflação de até 6,5% em 2014]", avaliou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Segundo ele, os preços administrados (como energia elétrica), além de alimentos e dos serviços, tendem a continuar pressionando os índices de inflação neste ano.
O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, também acredita que o BC manterá o ritmo e subirá os juros básicos em 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira, para 11% ao ano. "O IPC da Fipe veio abaixo do piso das estimativas. Apesar do resultado baixo, este não é ainda tão expressivo que possa ser comemorado de maneira indiscriminada pela equipe econômica. Para o mesmo período, em anos anteriores, a alta ainda é relevante e inspira cuidados", avaliou ele.
Perfeito acrescentou que "parte do mercado simplesmente não acredita mais no Banco Central", pois, mesmo confiando em uma alta menor agora, segue prevendo novas elevações em 2015. "O BC tem uma chance de ouro para restabelecer a credibilidade arranhada e para isso basta fazer o que disse que iria fazer, a saber, subir em 50 pontos base dando continuidade ao ajuste das condições monetárias e sinalizando na sequência o fim do ajuste", acrescentou.
Sistema de metas de inflação
Pelo sistema que vigora no Brasil, o BC tem que calibrar os juros para atingir metas preestabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2013 e 2014, a inflação tem de ficar em 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Para a inflação de 2014, a estimativa dos analistas subiu, na última semana, de 5,93% para 6%. Essa foi a segunda elevação consecutiva deste indicador. Com isso, o mercado continua acreditando que a inflação terá aceleração neste ano, frente ao patamar registrado em 2013 (5,91%). Para 2015, a expectativa dos analistas para a inflação ficou estável, em 5,7%.
Fonte: G1

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